No cenário complexo trazido pela pandemia, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) traz à luz mudanças substanciais nas taxas de natalidade e mortalidade no Brasil em 2021, com consequências diretas para a economia do país. Comparado com 2019, houve uma diminuição de 4,5 anos na expectativa de vida da população.

Simultaneamente, nota-se uma queda no número de nascimentos, um fenômeno que já se fazia perceptível mesmo antes da crise sanitária. Essas estatísticas prometem afetar não só o mercado de trabalho, mas também vários setores da economia nacional.

O economista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Rodrigo Rocha, enfatiza que a dinâmica demográfica será um fator decisivo para a economia brasileira, tanto a curto quanto a longo prazo.

"Todos os setores sentirão o impacto, mas alguns, como a saúde, que terá que lidar com uma população mais idosa, e a educação, que poderá focar na qualidade do ensino em vez da expansão, devido à redução da população jovem", esclarece Rocha.

Mercado de trabalho e as mudanças demográficas

O mercado de trabalho, por sua vez, enfrentará desafios significativos diante dessas mudanças demográficas. A diminuição na entrada de novos trabalhadores demandará maior produtividade das empresas.

Para o economista, torna-se ainda mais urgente investir na qualificação dos trabalhadores, bem como em inovação e tecnologia. "Essas medidas são cruciais para assegurar a competitividade e a sustentabilidade do mercado de trabalho diante desse novo panorama", destaca o especialista.

Outro aspecto crítico é o sistema previdenciário. Com o aumento nas taxas de mortalidade e a redução da população em idade ativa economicamente, torna-se imperativo repensar o sistema previdenciário.

"O que mais preocupa é a diminuição da população em idade ativa economicamente, pois com menos pessoas ingressando no mercado de trabalho e, consequentemente, menos contribuintes, haverá uma forte necessidade de uma nova reforma previdenciária, com foco em aumentar o tempo de contribuição e a idade de aposentadoria", adverte Rodrigo.

No cenário global, o Brasil não está isolado neste desafio demográfico. A maioria dos países, especialmente na Europa, enfrenta situações semelhantes. Embora haja tentativas de atrair trabalhadores estrangeiros e incentivar a natalidade, os resultados ainda são modestos.

“No caso do Brasil, por enquanto, parece mais relevante estimular o aumento da produtividade dos trabalhadores, aprimorando a educação e oferecendo as qualificações necessárias ao mercado de trabalho, preparando-os para a Quarta Revolução Industrial que está em curso", reforça.

Nesse contexto, a economia brasileira se vê diante de um dilema demográfico que requer não apenas adaptações estruturais, mas também uma visão proativa e inovadora para enfrentar os desafios econômicos que se avizinham.

Asscom Unit

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