Lira e bets se encontram em leilão e compram sêmen de cavalo raro de Wesley Safadão

Presidente da Câmara e donos de casas de apostas estavam entre os mais de 120 investidores que compraram material genético de um cavalo do cantor

Portinally, 12 de Dezembro , 2023

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e donos de casas de apostas se interessaram pelo mesmo tipo de negócio no último leilão de cavalos de raça realizado por Wesley Safadão, em Garanhuns (PE), em novembro. O deputado e os empresários foram alguns dos mais de 120 investidores que pagaram R$ 50 mil, cada, pelo material genético do rosilho WS Seven Streak Dash, um prestigiado garanhão da raça Quarto de Milha criado pelo artista no interior do Ceará.

A compra da "cobertura" - termo usado pelos criadores - dá direito a usar o sêmen do animal para fecundar uma égua. Objetivo é dar à luz um novo cavalo com as melhores características da ascendência e que poderá, no futuro, ser negociado por altos valores. Entre os compradores estão Lira e os donos da Bet Nacional, da Bet Sports e da Pix Bet.

No mesmo leilão, Arthur Lira arrematou um cavalo por R$ 200 mil. O animal foi enviado para Pilar, em Alagoas, onde o deputado tem um haras, controlado por Alvaro Lira, um dos filhos dele.

Fazendeiro e defensor da vaquejada, Lira se dedicou pessoalmente a eventos de bois e cavalos em 2023. Em outubro, realizou leilão de gado nelore. No início de dezembro, retomou a vaquejada no Parque Arthur Filho, após anos de hiato. Nesta segunda-feira, 11, a agenda oficial dele registrava a participação na Nelore Fest 2023, em São Paulo, para o "Oscar da Pecuária".

Na vaquejada do Pilar, Wesley Safadão foi um dos destaques da competição, correndo com a camisa da Betvip, uma casa de apostas recém-criada. A vaquejada de Lira não teve apoio oficial de nenhuma bet.

Não foi o primeiro evento em que Wesley Safadão e Arthur Lira estiveram juntos. Em julho, o deputado participou de um cruzeiro promovido pelo cantor a partir da Flórida, nos Estados Unidos. O parlamentar fez a viagem depois de acelerar a tramitação da Reforma Tributária na Câmara e antecipar o recesso.

CPI das Apostas Esportivas não indiciou nenhum investigado
Como mostrou o Estadão, as casas de apostas entraram forte no mundo da vaquejada e dos leilões de cavalos em 2023. As competições e os eventos movimentam milhões de reais e são frequentados por políticos de Brasília. O movimento das bets, até então inédito, ocorreu em paralelo à pressão que o segmento sofria com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, na Câmara.

Os jogos online se tornaram alvo do Ministério Público de Goiás neste ano. A Promotoria investigou um esquema de manipulação de resultados em jogos de futebol da Série A e B do Campeonato Brasileiro de 2022 e dos Estaduais. As apurações levaram à instalação da CPI.

A manipulação, segundo o MP, ocorreu por meio de ações dos jogadores dentro de campo, ou seja, diretamente ligados com as ações esportivas. Na Série B, os investigadores identificaram que jogadores haviam sido cooptados por grupos criminosos que recebiam até R$ 100 mil para provocar cartões amarelos e vermelhos, por exemplo.

A CPI das Apostas Esportivas custou R$ 43 mil aos cofres públicos e terminou em "pizza". O relator, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), não solicitou o indiciamento de nenhum investigado. A Comissão também não chamou nenhuma casa de apostas para prestar depoimento.

A cúpula da comissão afirmou que não seria prudente expor negativamente as empresas, uma vez que não havia constatação de irregularidade por parte delas nos casos de combinação de resultados que vieram a público. Uma associação foi chamada a falar por todas.

A criação da CPI das Apostas Esportivas foi uma iniciativa do deputado Felipe Carreras, que se tornou relator da comissão. O grupo também teve o apoio informal de Lira, de quem Carreras é próximo. A força de Lira também ajudou a emplacar um correligionário na presidência da CPI, o deputado Júlio Arcoverde (PP-PI). Outro cotado para a função foi o deputado André Fufuca (PP-MA), hoje ministro dos Esportes.

Procurado, Arthur Lira não comentou. Os donos das empresas citadas não foram localizados.

Por: Terra


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