Fatores comportamentais podem afetar quem abre o próprio negócio

Redação, 10 de Janeiro , 2024

O Brasil aparece como um dos países que mais se envolvem com o empreendedorismo em todo o mundo. A edição mais recente do Monitor Global de Empreendedorismo (Global Entrepreneurship Monitor), realizada em 2022 e divulgada no ano passado, mostra que 60% da nossa população adulta, entre 18 e 64 anos de idade, sonha em ter o próprio negócio. De acordo com o levantamento, 42 milhões de brasileiros já tinham um negócio (formal ou informal) e/ou fizeram alguma ação neste sentido em 2022. E outros 51 milhões ainda não têm um empreendimento próprio, mas gostaria de ter um em até três anos. Mundialmente, o Brasil é o segundo colocado entre os chamados “potenciais empreendedores”, perdendo apenas para a Índia (em números absolutos) e o Panamá (na taxa de população). 

Muitas destas pessoas acabam se envolvendo no ramo por necessidades de garantir ou complementar a própria renda, produzindo ou revendendo produtos e serviços. No entanto, esse sonho pode esbarrar em dificuldades que, muitas vezes, são provocadas pela falta de conhecimento e de planejamento prévio do próprio empreendedor sobre o que ele vai oferecer ao mercado e como isso será feito. “Há uma estimativa de dados que diz que em torno de 60% das micro e pequenas empresas declinam antes de completarem dois anos de vida”, diz a professora Isabel Cristina Barreto, do curso de Administração da Universidade Tiradentes (Unit).

Alguns fatores de ordem comportamental acabam contribuindo para a quebra do negócio. Um deles é usar o caixa da empresa como complemento da renda pessoal, ou quando o dinheiro de uso pessoal acaba misturado com o da empresa. Também são prejudiciais a falta de um estudo mais detalhado sobre o negócio a ser empreendido e a pressa por lucros e resultados imediatos. A esse desconhecimento, somam-se medos e receios de dificuldades, até mesmo as mais previsíveis, como a burocracia, a concorrência, a falta de crédito, a intercorrência do mercado, a incerteza de rendimentos e a inconstância nos resultados. Isabel diz que este “medo” pode ser trocado pela “cautela”, que leva a pessoa a tomar atitudes e comportamentos que procuram prever esses riscos e se anteceder a eles. 

“Geralmente, um aluno chega e fala assim: ‘Professora, eu já tenho um negócio, mas também tenho o meu emprego fixo, mas eu quero me debruçar mais no meu negócio’. Aí eu digo: ‘Calma. Você está se sentindo preparado? Você tem capital? A sua empresa já tem capital de giro pras despesas básicas? Sua empresa está capitalizada?’”, questiona a professora, ressaltando a necessidade de buscar conhecimento, informação e qualificação antes de iniciar o negócio. “Primeiro, o empreendedor começa com um sonho, aspira ter um negócio, quer empreender, mas tem esse medo. Então aconselho que você busque conhecimento, na academia, nas universidades, nos órgãos de fomento…”, acrescenta.  

Algumas ferramentas de planejamento estão disponíveis gratuitamente para os interessados, como o Canvas ou o Plano de Negócios (disponibilizado pelo Sebrae), o qual dá inclusive estimativas de rendimento, de prazo e de retorno do capital. O plano e o conhecimento prévio podem ajudar inclusive a corrigir os rumos do negócio, em casos de dificuldades que afetem a produtividade. Este conhecimento ajuda principalmente em momentos de crise e de declínio, dando ao empreendedor as condições necessárias para diagnosticar o que está errado e fazer as mudanças necessárias. É neste instante que entra o conhecimento específico adquirido pelo empreendedor. 

“Coloquei o meu negócio, fiz tudo direitinho, planejei… só que lá pelos meados do ano, eu notei que houve um declínio [nas vendas], não alcançaram o objetivo que eu planejei. Então, vou recomeçar essa rota, voltar de novo para o sistema e ver o que é que deu errado. Não precisa necessariamente fechar a empresa. Ah, foi na parte do marketing, foi na parte financeira, talvez tenha que ter menos funcionários, menos custo fixo, reduzir o aluguel, mudar a estratégia…Às vezes, até o layout interno da empresa, quando se muda a disposição dos produtos, isso já ajuda, facilita”, orienta Isabel, destacando ainda que o conhecimento necessário aos empreendedores pode ser buscado em universidades, cursos profissionalizantes e órgãos de fomento à pequena empresa. 


Asscom Unit 


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