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O impacto das fake news em casos criminais: quando o boato se torna o vilão

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Imagem de Maxim Hopman no Unsplash

Se você acessa a internet com certa regularidade, com certeza não apenas ouviu sobre as fake news, como provavelmente já foi acidentalmente enganado por uma. Infelizmente, esse problema só cresce.

“Fake news” é um termo relativamente novo para um fenômeno muito, muito antigo: os “boatos” sem fundamento. Como a sua tradução literal (“notícias falsas”) sugere, trata-se de um elemento com um potencial muito prejudicial, especialmente em tempos de distribuição massiva de informações.

Há poucos espaços em que a presença de fake news é mais negativa do que nos espaços criminais. Segundo nos aponta uma pesquisa recente da ExpressVPN, o interesse por crimes notórios é algo antigo, o que ajuda a explicar o fato de que as fake news e os crimes reais andam perto uns dos outros.

Nesse texto nós vamos explicar quais são os impactos das fake news em casos criminais e como as mídias audiovisuais de true crime contribuem (muitas vezes negativamente) para o andamento e para a solução de tragédias. Para isso, vamos utilizar a pesquisa da ExpressVPN sobre o tema de true crime.

Qual o impacto das fake news em casos criminais?

Com o advento e a popularização das redes sociais durante os anos 2000, os veículos de notícia mais tradicionais, como jornais físicos e a televisão, ganharam um concorrente poderoso. Mesmo com a existência anterior dos portais de notícias nos sites dos veículos, as redes sempre gozaram de atenção.

Isso significa que uma postagem que “viralize” (isto é, ganhegrande popularidade num curto período de tempo) alcançará um público tão amplo, ou às vezes mais amplo, quanto uma notícia num portal com fontes confiáveis. E considerando a falta de regulação de parte dessas redes, o perigo é notável.

Uma fake news é eventualmente desmentida, mas a essa altura do campeonato o estrago já estará feito, e uma enorme parcela daqueles que foram desinformados jamais verão a correção do que foi noticiado falsamente. Em casos criminais infames, isso pode mudar drasticamente a opinião pública.

Qual o papel do true crime em casos criminais?

O artigo da ExpressVPN se debruça nas tecnologias como veículos para o maior acesso às mídias de true crime, um gênero de produção audiovisual que retrata crimes reais. Assim como as redes sociais cumprem papel na disseminação de fake news, os streamings alavancaram a popularidade do gênero.

Isso não quer dizer que as mídias de true crime ocupam o mesmo patamar das fake news quando o assunto é o impacto negativo em casos criminais, mas o potencial existe. O que difere se uma série ou filme de true crime vai ser responsável por espalhar boatos é a ética por trás de quem os desenvolve.

O potencial para impacto positivo existe, ao contrário das fake news. A ExpressVPN cita, por exemplo, a pressão pública para que casos antigos sejam reabertos e reavaliados, o que pode levar à descoberta da identidade de criminosos mesmo décadas depois. A justiça, nesse caso, é auxiliada pelo true crime.

Três exemplos onde as fake news atrapalharam casos criminais

Uma maneira interessante de compreender como as fake news atrapalham casos de crimes reais é a partir de exemplos reais do passado. Nós separamos três dentre os mais notórios, destacando de que forma a opinião pública foi modificada negativamente e como isso teve consequências catastróficas.

1. O linchamento de Fabiane Maria de Jesus

Talvez o caso mais devastador de fake news impactando negativamente um caso criminal no Brasil é o do assassinato de Fabiane Maria de Jesus, uma mãe linchada por moradores de um bairro de São Paulo ao ser confundida com o retrato de uma sequestradora de crianças circulado nas mídias sociais.

A morte de Fabiane aconteceu em 2014, perpetrada por mais de cem pessoas e com cerca de mil espectadores. A identidade da suposta sequestradora nunca foi identificada, com a culpabilização de Fabiane sendo a consequência devastadora de uma fake news fora de controle publicada nas redes.

2. A identificação dos responsáveis pelo atentado à maratona de Boston

Em 2013, um atentado terrorista foi cometido durante uma maratona na cidade de Boston, nos Estados Unidos. Na ocasião, um “subreddit” (comunidade na plataforma Reddit) foi criado sob o nome de “r/findbostonbombers”, onde pessoas contribuíam para descobrir quem tinha cometido o crime.

O problema? Os membros da comunidade não eram profissionais, o que naturalmente levou a uma série de identificações falsas e consequências devastadoras para os falsos acusados. A pesquisa da ExpressVPN cita esse caso como um exemplo negativo da atuação das redes sociais em um crime real.

3. Os múltiplos casos de “swatting”

O compartilhamento de fake news nem sempre é um ato deliberadamente malicioso (nos casos em que a pessoa espalhando a notícia não sabe que se trata de uma mentira), mas os exemplos de “swatting”, nos Estados Unidos, não se encaixam aqui. Neles, a fake news é sempre mal intencionada.

“Swatting” é um termo utilizado para a denúncia falsa de atos de terrorismo feita pela internet, o que leva uma equipe de S.W.A.T. (polícia especializada) a ir até a casa do indivíduo acusado; o qual, assustado, pode reagir de maneira que leva à uma tragédia. Nos EUA, esse é um fenômeno comum.

Como o artigo da ExpressVPN nos sugere, as mídias audiovisuais de true crime também devem ser responsáveis pela divulgação de informações acuradas, não importa o quão “ficcionais” sejam as suas obras. Quando não há preocupação ética, as produções de true crime ajudam a proliferar fake news.

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