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O legado cultural do cangaço

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O Nordeste sempre teve uma forte presença na cultura brasileira em todos os ramos da arte, e no cinema não poderia ser diferente. Nossa produção cinematográfica tem como gênese a figura do cangaceiro rebelde, valente e insubmisso, senhor das veredas e da caatinga.

            As primeiras imagens de cangaceiro no cinema surgiram em meados dos anos 1920, especificamente no movimento cinematográfico do Ciclo Regional do Recife. Contudo, não eram protagonistas nas produções dessa fase.

Virgulino Ferreira, o afamado Lampião, é o pioneiro como personagem principal das produções filmadas a partir de 1930 quando o cineasta Guilherme Gáldio realiza um filme chamado “Lampião, a Fera do Nordeste”, uma película de ficção, onde o Capitão Virgulino Ferreira encarnava a figura principal, um assassino louco e impiedoso.

Anos depois, o libanês Benjamim Abrahão, com uma câmera de cinema, registrou imagens do cangaceiro Lampião e seu bando na tentativa de mostrar aquela forma de resistência e organização social, seus costumes, práticas conjuntas, atividades grupais e hierarquia.

Sua obra é um documento valioso, com imagens reais e de qualidade aceitável para aquela época, sendo censurada pelo Estado Novo de Getúlio Vargas, diante do seu viés humanizado, mostrando o cangaceiro como um homem do seu tempo, vítima da estrutura política e social baseada no latifundio e na lei do mais forte.

O filme de cangaceiro se consolida-se definitivamente em 1953 com “O Cangaceiro”, de Lima Barreto. Realizado pela indústria cinematográfica Vera Cruz, nesse momento já em crise e prestes a ser fechada, foi o primeiro filme brasileiro a repercutir em todo o mundo, inicialmente sendo premiado no Festival de Cinema de Cannes, em 1953, como Melhor Filme de aventura e recebeu, também, menção especial pela trilha sonora.

A importância do fenômeno social cangaço é inquestionável, tanto que se tornou uma marca indelével na cultura nordestina, exaltada em variadas manifestações culturais. O tema encontrou espaços generosos na televisão, sendo abordado em telenovelas e programas jornalísticos de alcance nacional.  Também a literatura, a música, o teatro e as artes plásticas usaram a saga nordestina em suas produções.

O São João do nordeste, com suas quadrilhas transformadas em espetáculo midiático, apresenta-se hoje como a principal vitrine da estética e cultura cangaceira. O modo de vestir, o chapéu de aba virada ornado com estrelas, o xaxado, a literatura de cordel e o artesanato nas feiras populares, contribuem também para manter viva a história de poder e morte nos sertões nordestino.

Acreditamos que Lampião, cognominado o rei do cangaço, talvez tenha sido o personagem da história do Brasil mais vezes retratado pelo cinema nacional e outras vertentes artísticas, proporcionando um rico e imorredouro legado cultural.

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