O MÚSICO RUBENS ANTÔNIO DA SILVA, MAIS CONHECIDO COMO CAÇULINHA, MORREU AOS 86 ANOS NA MADRUGADA DESTA SEGUNDA-FEIRA (5)

EM SÃO PAULO. ELE ESTAVA INTERNADO HÁ CERCA DE DEZ DIAS POR CAUSA DE UM INFARTO.

“É com profunda tristeza que comunicamos que Caçulinha, o grande músico, o irmão inseparável e o titio mais amado, nos deixou hoje, aos 86 anos, durante a madrugada”, diz trecho do comunicado publicado no perfil do artista, nas redes sociais.

Caçulinha, músico do “Domingão do Faustão”, morre aos 86 anos — Foto: Reprodução Instagram
Caçulinha, músico do “Domingão do Faustão”, morre aos 86 anos — Foto: Reprodução Instagram

Quem foi Caçulinha?

Conhecido por suas participações no Domingão do Faustão, Caçulinha era quem produzia a trilha sonora do programa ao vivo por mais de 20 anos.

“Uma vida de dedicação à música popular brasileira. O maestro, com ouvido absoluto, que tocou com os grandes artistas, gravou mais de 30 discos e divertiu muita gente por 60 anos na televisão, deixa um legado imenso de amor à arte.”

O velório está previsto para acontecer na Capela do Cemitério São Paulo, em Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista, das 11h às 15h. O sepultamento será às 16h no mesmo local.

Faustão: veja fotos do apresentador ao longo da carreira

Fausto Silva em 1990. Antes de chegar à televisão, apresentador passou pela imprensa escrita e pelas rádios Jovem Pan, Rádio Globo e Excelsior. Em 1989, foi convidado pela Globo para comandar o “Domingão do Faustão” — Foto: Leonardo Aversa / Agência O Globo
Fausto Silva na época do “Perdidos na noite”, sucesso da década de 1980 — Foto: Arquivo
Repórter esportivo: Fausto Silva entrevista o jogador Sócrates, em 1982 — Foto: Olívio Lamas / Agência O Globo

Fausto Silva passou por uma embolização pouco mais de duas semanas após ser submetido a um transplante de rins

Paixão infantil

Nascido em Piracicaba, Rubens Antônio Silva começou a se interessar por música ainda criança. Em entrevista ao GLOBO, em 2006, contou que “aos 8 anos, cantava e tocava uma sanfoninha”.

— Comecei no rádio, em um programa infantil, “O clube do Papai Noel”, na Tupi paulista — relembrou ele.

O apelido Caçulinha surgiu por causa do pai, cantor sertanejo Mariano, que fazia dupla com o irmão, Aparecido.

—Ele (meu pai) formava uma dupla com meu tio, Mariano e Caçula — disse ao GLOBO. — Quando meu tio casou e foi morar no interior, eu o substituí e virei o Caçulinha.

Devidamente “batizado”, ele gravou com inúmeras duplas como Tonico e Tinoco, Pedro Bento e Zé da Estrada, e Moreno e Moreninho, entre outras, e tocou em uma série de fonogramas que acabaruam sendo consideradas clássicos da música sertaneja. Sua estreia em disco solo se deu em 1959, pela Todamérica, quando gravou, ao acordeom, a polca “Corochere”, de sua autoria e Francisco dos Santos, e a guarânia “Triste juriti”, de Mário Vieira e Armando Castro.

Estrela em discos com seu conjunto, Caçulinha logo acabou migrando para a TV, vindo a estrelar programas como “Esta noite se improvisa”, da TV Record, nos anos 1960, e a participar como contratado exclusivo do programa “O fino da bossa”, comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues, na Record, a partir de 1965. As formações instrumentais que Caçulinha montou foram a base de todos os importantes festivais de música de São Paulo, tendo acompanhado nomes como Elis, Elizeth Cardoso e Caetano Veloso.

Ainda na década de 1960, acompanhou com seu regional as gravações de discos de inúmeros artistas, entre os quais, Cyro Monteiro, Miltinho, Doris Monteiro, Elizeth Cardoso, Roberto Silva, e Roberto Carlos, entre outros. Em 1969, Caçulinha gravou com seu conjunto o LP “A bossa eterna de Elizeth e Cyro”, de Cyro Monteiro e Elizeth Cardoso e ainda se destacou com solos de acordeom.

Famoso ao longo dos anos 1970 por LPs como “Caçulinha aponta o sucesso” e “Caçulinha na onda do sucesso”, lançados pela gravadora Copacabana, o música inicou na década seguinte uma parceria com o radialista e apresentador Fausto Silva, em shows em que ele tocava acordeom e Fausto contava piadas.

Quando o apresentador foi para o programa “Perdidos da Noite”, na Band, ele levou junto o músico. E também quando migrou para a TV Globo, em 1989, para fazer o “Domingão do Faustão”. Caçulinha Ficou na emissora carioca até 2015. Depois, foi para a TV Gazeta, trabalhar no programa de Ronnie Von. Ficou por lá até 2019, quando saiu definitivamente da TV. Na Globo, Caçulinha ainda trabalhou no programa “Sai de baixo”, estrelado por Miguel Falabella, que homenageou o músico no Instagram:

“Fechou-se o pano para este querido amigo, músico admirável e ser humano ímpar. Durante sete anos, semanalmente, tínhamos um encontro marcado no teatro Procópio Ferreira, onde aconteciam as gravações do Sai de Baixo. Algumas vezes, durante o programa, arrastávamos Caçulinha para o palco e ele morria de vergonha! Um homem gentil, educado, que nos olhava com grande carinho e admiração”, escreveu Falabella.

“Mas o melhor eram os intervalos de ensaio e as pausas para o café, quando nós rodeávamos o piano e ele tocava os clássicos da MPB, que nós íamos cantando e rememorando”, prosseguiu o ator. “Receba meu aplauso, querido amigo. Toque uma daquelas canções que nós fazíamos juntos para os anjos. Você certamente há de encontrar uma harmonia cósmica.”

Mesmo quando brilhava na televisão, Caçulinha não abandonou o disco. Músico versátil, em 2005, por sugestão de João Gilberto, que lhe perguntou por que não lançar um disco com músicas da bossa nova ao acordeom, gravou o CD “Caçulinha na bossa nova”, com participações de mestres como Roberto Menescal, João Donato, Rildo Hora e Marcos Valle.

FONTE: O GLOBO

Acompanhe também o 93 Notícias nos seguintes canais: WhatsApp, Instagram, Facebook, TikTok, X Antigo, Twitter e YouTube.