VALORIZAR O PATRIMÔNIO E AS TRADIÇOES: UM EXERCÍCIO DE FÉ.
Com essa ideia na cabeça decidi visitar a Igreja do Sr. Do Bonfim, em Salvador, em plena semana santa.
Desde a tomada de decisão criei uma enorme expectativa quanto a essa escolha. O fato do local ser considerado pelos baianos como sagrado foi levado em consideração, e ali me dirigi não só como turista , mas tmbém como um crente na força da fé, que não costuma faiá, como alardeia o mestre Gil. Alí estava também o devoto que vai solicitar ao santo o atendimento de suas demandas, e a escuta de sua súplicas e favores espirituais.
Estar naquele ambiente, na minha visão é uma oportunidade de repensar valores através dos objetos que compõem uma narrativa que remete à paz espiritual e pensamentos positivos. Dentro dessa perspectiva cruzei as portas e adentrei ao solo sagrado.
O calafrio e a lágrimas nos olhos comprovavam o meu fervor e emoção em estar ali, testemunhando o encontro entre o sagrado e o profano, o tangivel e o intangivel.
Lançar um olhar sobre os objetos ali expostos, imagens, altares e velas acessas é uma experiência ímpar, ante a possibilidade de adentrar na história, não apenas religiosa, mas também artística e cultural, bem como permite refletir sobres questões ligadas à cultura, ao patrimônio material e imaterial, bem como a memória individual e coletiva.
No primeiro contato visual com o templo a presença marcante das imagens sacras aprisiona o olhar através da dramaticidade explícita, da policromia dos santos, da riqueza dos objetos rituais, dos altares rebuscados. A abobada do templo, ricamente decorada completa e envolve a imaginação com efeitos óticos de alto rigor técnico.
O exercício do olhar depurado permite observar o esmero na construção de cada imagem. Já, os sentidos aguçados levam à percepção de que o objeto, em sua forma material nos remete também ao intangível. O saber do artesão que os produziu e a força da fé religiosa, explícita nos sacrifícios, bem como, as penitencias e outros rituais católicos, as rezas e cantos, as graças alcançadas e outros eventos afins que detonam, no atento observador, lembranças pessoais ou coletivas, com as quais se reconhece e se identifica.
É o encontro perfeito entre o sagrado, representado pelas obras ali expostas, e o profano, representado pelas vestes e comportamentos dos que ali adentravam. Tudo isso me levou a uma posterior reflexão sobre o papel fundamental da educação patrimonial, e a manutenção das tradições religiosas que dizem respeito `santidade dos espaços religiosos independente de sua origem
. Nesse contexto, a meu ver, é necessário que o cidadão reconheça e valorize seu patrimônio e a partir daí pratique ações de conservação e apropriação, atentando ainda para as possibilidades que o bem cultural oferece para o desenvolvimento social da comunidade em seu entorno.