Itabaiana passou as primeiras décadas buscando ouro e prata nas Serras. O sonho de Belchior Dias perdura, a crença no ouro virou lenda. O carneiro de ouro já foi visto. Até os holandeses esgravataram a Serra de Itabaiana em busca de ouro.
“Quão florescente ficaria Itabaiana se nas suas serras banhadas de cristalinos regatos se abrissem novas minas de ouro! Quantos colonos viriam habitar em sua vizinhança! Que lucrativo comércio para as vilas circunvizinhas por terem maior consumo os gêneros de sustento e vestuário!” – Padre Marcos Antonio de Souza (1808).
Finalmente, o ouro foi descoberto. O ouro do Parque Nacional Serra de Itabaiana é o seu potencial para o ecoturismo. Uma mina inesgotável de riqueza.
A questão não é nova. No final da década de 1930, Florentino Menezes movimentou Sergipe com a ideia da potencialidade turística da Serra de Itabaiana. Caravanas da elite aracajuana peregrinaram pela Serra, em busca do paraíso. A proposta era reforçada pelas vantagens sanitárias do clima. A serra é um sanatório natural.
Os projetos evanesceram.
Há vinte anos (2005), o Governo Federal Criou o Parque Nacional Serra de Itabaiana. Entre os objetivos previstos no Decreto está o Ecoturismo. 95% da área do Parque ficam em Itabaiana e Areia Branca. A hora chegou.
Outros Parques Nacionais (Chapada dos Veadeiros, Serra da Canastra, Itatiaia, Chapada Diamantina), convivem pacificamente com o Turismo Sustentável. Em Sergipe, o ecoturismo foi substituído por uma visitação desordenada.
O Ecoturismo são ações coordenadas por agências cadastradas no Parque, por comunidades locais capacitadas, por guias e condutores especializados, gerando emprego e renda, aquecendo a economia local. O ecoturismo é fonte fortalecedora do desenvolvimento.
Itabaiana e Areia Branca serão as grandes beneficiadas.
O Parque Nacional Serra de Itabaiana tem um potencial de trilhas, riachos, cachoeiras, cavernas, fauna e flora, dois ecossistemas (mata atlântica e caatinga), comunidades preparadas para recepcionar os visitantes, comida caseira, áreas de caseira, artesanato e pistas de voo livre.
Em minha juventude, eu só conhecia o Salão dos Negros e o Poço das Moças (foto).
O Instituto Parque dos Falcões, em si, já é uma atração internacional.
Itabaiana e Areia branca montarão a infraestrutura de hotelaria e restaurantes para bem atender aos visitantes.
O potencial turístico do Parque Nacional é um presente divino, que não podemos continuar ignorando.
Uma feliz coincidência: Itabaiana é a cidade dos milagres e a devoção a Santa Dulce é pujante. Está em andamento a construção de um Santuário esplendoroso para a Santa, com estrutura para o acolhimento de milhares de devotos. Ao mesmo tempo, se constrói um cenário para encenação da semana santa, nos moldes da Nova Jerusalém, em Pernambuco.
O turismo religioso é irmão do ecoturismo. Itabaiana possui todas as condições para essa viagem: um comando político esclarecido, muita fé, muitos investidores, raízes culturais profundas e uma população religiosa e amante do meio ambiente. O Parque Nacional está na alma do Itabaianista.
Para facilitar, os dois municípios (Itabaiana e Areia Branca) onde 96% do Parque Nacional está localizado, possuem a mesma orientação política. Em Sergipe, a direção do ICMBio é competente e moderna.
Vamos abrir esse debate?
Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.