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QUEM NÃO GOSTA DE SAMBA

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É ruim da cabeça ou doente do pé, aquele que pelo menos uma vez na vida não se balançou ou cantarolou as estrofes de algum samba, o ritmo mais brasileiro entre todos, que carrega em seu bojo a malemolência africana. e nos diferencia ante os outros povos latinos americanos e através do qual expressamos o nosso jeito de ser e de viver, nossa cultura miscigenada, os amores achados e perdidos, as questões sociais, bem como as belezas naturais do nosso imenso território.

Como observa André Diniz, em seu Almanaque do samba, “apesar de ser um gênero resultante das estruturas musicais europeias e africanas, foi com os símbolos da cultura negra que o samba se alastrou pelo território nacional”.

Executado principalmente pelas classes marginalizadas socialmente, associou-se de imediato ao universo afrodescendente, aos guetos dos morros cariocas, ao malandro boêmio e seu violão. O termo samba passou a designar qualquer festejo onde houvesse canto, dança e percussão específica: o pandeiro, o atabaque, o chocalho o agogô.

Consolidou-se gradativamente como música popular dos grandes centros urbanos, em contraponto à aristocrática música erudita importada da Europa, que aqui desembarca com a corte portuguesa em 1808. Tal contexto, contudo, não o impede de adentar aos salões elitistas, em forma de grupos musicais, onde instrumentos como a flauta, o saxofone, e até o piano foram inseridos, enriquecendo a execução e agregando um quê de sofisticando à apresentação.

É na cozinha e no fundo do quintal que o samba cresce e ganha as ruas e os bares. Desde sua gênese até os dias atuais, o gênero musical passou por diversas transformações e foram essas mudanças que permitiram sua consolidação e resistência ante as imposições da indústria cultural, interessada em vender seus produtos em todas as partes do mundo.

Novos instrumentos foram acrescentados à sua execução, a voz feminina ganhou seu espaço, novas vertentes surgiram, com novas denominações. O chorinho de Pixinguinha, o samba canção, de andamento lento e temática romântica, o samba exaltação, imortalizado no épico Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, o samba de breque de Moreira da Silva e outras variações

A bossa nova da zona sul do Rio de Janeiro, de João Gilberto e Tom Jobim, veste o samba de acordes surpreendentes, envolvendo-o em uma riqueza melódica extraordinária, que se tornou conhecida em todo o mundo é o suprassumo da criatividade musical do brasileiro.

As escolas de samba do Rio de Janeiro têm um papel fundamental nessa história. Ali nasce o samba enredo, que durante o carnaval levam nossa alegria e nossa cultura ao mundo com o espetáculo esplendoroso na Marques de Sapucaí.  São nelas que surgem os “bambas”, os grandes nomes que perpetuaram canções que são executadas até hoje e regravadas por grandes nomes da MPB.

Com o avanço tecnológico que permitiu registros fonográficos, o compositor Ernesto dos Santos, mais conhecido como Donga, entra para a história: é de sua autoria, em parceria com Mauro de Almeida, o primeiro samba gravado no Brasil, na Casa Edison, em 1917 com o título de “Pelo Telefone”, executado pelo cantor conhecido como Baiano.

Enfim, o samba é um traço característico da nossa identidade, daí o título desse artigo. Ele foi o ponto de partida para a criação de uma música genuinamente brasileira, a MPB, e inspirou os movimentos musicais aqui surgidos, mesmo nos momentos em que a modernidade o ameaçava de extinção, na visão de alguns críticos musicais desalinhados com o seu aspecto cultural.

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