Sensores de biocarvão podem detectar pesticidas em amostras de alimentos

Material oriundo de uma biomassa é desenvolvido dentro de um projeto de iniciação científica e pode ser utilizado para o monitoramento do uso de agrotóxicos na agricultura

Uma pesquisa de iniciação científica estuda o desenvolvimento de sensores eletroquímicos para a detecção e identificação voltamétrica da presença de pesticidas e outros agrotóxicos em amostras de água e alimentos. O material é criado a partir do biocarvão obtido a partir de uma biomassa, com a inclusão de nanopartículas de antimônio, um semi-metal utilizado como retardante de chamas. O estudo em andamento na Universidade Tiradentes (Unit) é conduzido pela estudante Stefany Oliveira de Almeida Teixeira, aluna do curso de Biomedicina, com orientação do professor-doutor Giancarlo Salazar Banda, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP/Unit). 

Os sensores podem ser utilizados em equipamentos e estruturas dedicados ao monitoramento da presença destas substâncias, que vêm sendo utilizadas por muito tempo na agricultura intensiva para controlar pragas e prolongar a durabilidade dos produtos. Entre elas, estão herbicidas e pesticidas à base de nitrofenol, p-nitrofenol, metil-paration e paraquat – substância cujo uso é proibido desde 2020 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Durante os últimos anos, os pesticidas foram investigados e constatou-se que sua ingestão, mesmo que em pequenas quantidades, podem causar diversas doenças, como leucemia, outros tipos de cânceres, alterações neurológicas, lesões no fígado, na pele e nos pulmões”, argumenta Stefany. 

O objetivo da pesquisa, segundo a autora, é encontrar uma alternativa promissora de rastreamento das substâncias, aperfeiçoando e superando para superar as técnicas e abordagens convencionais disponíveis atualmente. “O tempo considerável para execução implica em custos elevados de solventes, equipamentos, produção de resíduos em grande quantidade e a necessidade de profissionais especializados. A aplicação de sensores eletroquímicos surge como uma alternativa promissora para superar essas limitações das abordagens convencionais, ganhando destaque no campo da química analítica pelas suas propriedades físico-químicas associadas ao pesticida”, explica. 

Estes sensores são compostos pelo biocarvão obtido de resíduos vegetais ou orgânicos, mais a inclusão de nanopartículas de antimônio. A pesquisa aponta que essa substância pode favorecer diversos parâmetros na detecção eletroquímica das espécies químicas tóxicas. De acordo com a estudante, a utilização de biomassa tem se destacado cada vez mais nos últimos anos, devido à sua viabilidade econômica e à capacidade de promover a fertilidade e a sustentabilidade do solo. 

“O aproveitamento de biomassas é a produção de biocarvão, que vem ganhando reconhecimento importante na comunidade científica como material potencialmente adsorvente na remediação de metais pesados e compostos orgânicos tóxicos. A aplicação de materiais à base de biocarvão e partículas metálicas para a obtenção de sensores eletroquímicos pode potencializar a determinação eletroquímica de espécies, como os pesticidas”, detalha Stefany.

A pesquisa de iniciação científica, orientada pelo PEP/Unit, é desenvolvida no Laboratório de Eletroquímica e Nanotecnologia (LEN), do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e tem a co-orientação das pesquisadoras Mercia Vieira da Silva Sant’Anna (pós-doutora e ligada ao ITP) e Stephanie Soares Aristides Barros (doutoranda do PEP). 

Fonte: Asscom Unit

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