Uma morte sacrificial – Edésio Vieira da Silva Filho(por Antonio Samarone)

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O Dr. Edésio (66 anos), foi velado na Capela de São Miguel (foto) e sepultado no Cemitério de Santo Antonio e Almas. Literalmente, esse exerceu a medicina como um sacerdócio. Teve como mortalha, o jaleco do Hospital das Clínicas.

São Miguel é co-padroeiro de Itabaiana. A Villa é de Santo Antonio e Almas. São Miguel é o protetor das Santas Almas do Purgatório.

O filho de Seu Edésio do Mercadinho, da Cepa de Matapoã e de Dona Regina, irmã de Seu Mauricio, bilheteiro do cinema de Zeca, morreu em paz, após um longo e profundo sofrimento.

Edésio ficou órfão de pai muito cedo. O irmão mais velho, João Andrade, que também era novo, assumiu a família de cinco irmãos pequenos e a mãe doente. Passaram por dificuldades. Fizeram de tudo para sobreviver.

A avó do Dr. Edésio, que eu esqueci o nome, uma senhorinha que só andava de preto, morreu tragicamente, atropelada por um caminhão, numa quarta-feira, em Itabaiana. No atropelamento, a avó salvou os dois netos, que estavam com ela.

Vejam o que disse o Dr. Átalo Crispim, um sábio da medicina, mas que não sabia dessa morte da avó de Edésio:

“Sei que ele morreu de uma doença degenerativa, autoimune, que caracteriza a assunção de um grave problema ligado a algum antepassado e que ele assumiu, consciente ou inconscientemente, mas não deu conta. Sua morte aos 66 anos indica uma morte sacrificial. Edésio era um personagem trágico e rico, como demonstrava em suas postagens; gostaria de tê-lo conhecido!”

Ainda criança, Edésio já era um ermitão. Nasceu coberto de religiosidade. Passava dias na grande Serra. Sozinho, nas entranhas da natureza.

Andava de mosteiro em mosteiro, buscando realizar a sua vocação sacerdotal. Certa feita, o Padre Amaral o convidou para a visita regular que ele fazia aos enfermos. Edésio o acompanhou. Na passagem pelas enfermarias do Hospital São José, Edésio viu um clarão, e ao fundo, a imagem de Dr. Pedro Moreno, o médico dos pobres, em Itabaiana.

Edésio entendeu, a sua vocação religiosa seria vivenciada junto aos doentes, como médico. E fez isso a vida inteira. Edésio formou-se na UFS, em Sergipe, mas exerceu a medicina em São Paulo. Um eterno plantonista. Um anjo para os seus pacientes.

Qualquer um doente de Itabaiana, que precisasse de tratamento em São Paulo. Bastava ligar. Conhecendo ou não, lá estava Edésio, disposto “de corpo e alma”, para servir aos conterrâneos sofredores.

Não verdade, a sua medicina era um sacerdócio. Morreu sem deixar cabedais.
Nos Tempos da Covid, Edésio não arredou pé dos hospitais.

Uma jovem médica sergipana, recém-formada, foi a São Paulo fazer a residência médica. Na lide pelos corredores e enfermarias dos hospitais da grande metrópole, Clara encontrou com Edésio, que comandava o plantão. Se conheceram. Edésio quis saber quem era a recém-chegada: “sou Clara Augusta, neta de Dr. Pedro Moreno, de Itabaiana.” Edésio desmanchou-se em prantos.

Dr. Edésio, sou seu irmão de destino. Sei o seu valor. Não alcanço o mistério da vida, muito menos o da morte. Seja lá o que for, você será acolhido.

Edésio deixou a viúva, Jucilene Paixão, que foi minha aluna, e uma filha.

Antonio Samarone – septuagenário!

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