A poesia que vem do mar”, participou também da mesa “Orixalidade e Literatura Afro-brasileira: decolonizando narrativas e a escrita”, promovida pelo coletivo Escreva, Garota! na Areninha.
A tradicional Bienal do Livro de São Paul, um dos maiores eventos literários da América Latina, que reúne autores, editores, livreiros e um público apaixonado por livros, recebeu em sua edição deste ano, a yalorixá, cientista social, professora, especialista em antropologia e poetisa, Martha Sales. No dia 12 de setembro, a autora, que estreia no evento com a sua obra “Okum D’orin: A poesia que vem do mar”, participou também da mesa “Orixalidade e Literatura Afro-brasileira: decolonizando narrativas e a escrita”, promovida pelo coletivo Escreva, Garota! na Areninha.
O encontro para a discussão sobre literatura afro-brasileira contou com a participação da jornalista e Dra. em Ciências da Religião, Claudia Alexandre e da professora e Dra. em Antropologia, Yérsia Assis, que juntas abordaram a importância da Orixalidade na literatura afro-brasileira e como essa conexão contribui para a construção de uma narrativa mais justa e inclusiva. De acordo com a Yalorixá Martha Sales, o objetivo do encontro foi o de promover um debate rico e inspirador sobre a descolonização da cultura e da literatura, fortalecendo a valorização da cultura afro-brasileira e incentivando a leitura e produção literária afro-brasileira.
“A proposta da mesa surge a partir da abertura da Areninha do Coletivo de Escritoras e Autoras Independentes, Escreva,garota!, do qual faço parte, onde enxerguei a possibilidade de estar levando ao público da Bienal esse diálogo acerca da escrita de Mulheres de Terreiro, que se refletem numa literatura atravessada pela ancestralidade e potente para a decolonização do pensamento e das narrativas existentes sobre nós, nossas existências e subjetividades, ajudando a problematizar, questionar e desconstruir o racismo religioso. Sendo assim, convidei Cláudia e Yérsia, duas irmãs no Axé, amigas, mulheres de Terreiro, com representatividade e trajetórias que somaram comigo nessa roda fortalecendo o propósito do tema”, destacou.
A mesa “Orixalidade e Literatura Afro-brasileira: decolonizando narrativas e a escrita” foi um momento fundamental para a discussão sobre a importância da cultura afro-brasileira na literatura e na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. “Essa é uma mesa cujo tema é de extrema importância, pois trazemos a nossa ancestralidade em nossas obras, em nossas existências e experiências, algo que há pouco tempo era um espaço que estava fechado, portanto, foi uma excelente oportunidade e eu agradeço muito o convite”, celebrou a Egbomi, jornalista e autora da obra ganhadora do Prêmio Jabuti 2024, Exu-Mulher, Cláudia Alexandre.
Para a professora doutora em Antropologia da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Yérsia Assis, pensar literaturas vinculadas às práticas de axé e de cultura de terreiro são fundamentais para as disputas que são feitas por outros modos de ensinar, de aprender. “Considerei muito importante a nossa participação e o convite para essa atividade, especialmente sendo na Bienal Internacional do livro, estar nesse espaço, dialogando sobre essa temática e reverberando sobre ela é fundamental para as mudanças que desejamos na sociedade, e são apostas que impulsionam estratégias para o combate ao racismo religioso”, disse.
Sobre a autora:
Martha Sales é Iyalorixá e professora licenciada em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe. Especialista em Antropologia pela UFS/NPPGA. Pós-graduanda em Cinema e Linguagem Audiovisual. Membro do Núcleo de Pesquisa e Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi- UFS). Membro e sócio-fundadora da Sociedade de Estudos Étnicos, Políticos, Sociais e Culturais Omolàiyé. Sócio-fundadora e Coordenadora do Espaço de Arte, Cultura e Educação Omiró Casa de Mar.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Martha Sales, siga seu perfil nas redes sociais: https://www.instagram.com/martha_sales/