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O Agronegócio e as balas de café.(por Antonio Samarone)

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A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Sergipe (FAESE) e o SEBRAE estão realizando em Itabaiana, um encontro do Agronegócio de Sergipe, Alagoas e Bahia (SEALBA). Uma maravilha de tecnologias e negócios.

Um amigo, professor de agroecologia, perguntou-me espantado: e em Itabaiana existe o agronegócio? Respondi, em Sergipe, Itabaiana é o polo mais dinâmico.

Eu explico. Itabaiana é um centro empreendedor. O capital excedente circula, procura investimentos. Lá, o dinheiro corre. Ao invés de usá-lo como ostentação, procuram-se aplicações. Hoje, arrendar terra para plantar milho, virou uma febre. O sujeito nunca viu um pé de quiabo, mas tem o capital para investir.

Quem toma conta das roças são os drones. As sementes são aperfeiçoadas geneticamente, a adubação é precisa, as máquinas preparam a terra, plantam e colhem. A inteligência artificial já lhe entrega o cuscuz pronto, na mesa.

Eu vi a máquina que planta o milho e já entrega o cuscuz.

Me disse um jovem empresário itabaianense, bem-sucedido: “a ciência, a tecnologia, a produção mecanizada em alta escala é um negócio que domina o mundo. Já botei a inteligência artificial em meus currais. O leite já sai do peito da vaca pasteurizado.”

Eu fiquei atônito, com tanta ciência.

Eu sou de família de ferreiros. Meu Tataravô, João José de Oliveira, chegou na Matapoã por volta de 1850, era ferreiro, veio cuidar das foices e das enxadas, a tecnologia agrícola daquela época. Me criei raspando mandioca nas farinhadas. Tenho da agricultura uma visão romântica.

Em Itabaiana assamos castanhas (no Ceará eles torram), plantamos coentro e cebola. Somos o único local da terra onde se vende maturi. Tudo isso é cultura, são raízes. Mas o mundo mudou, o caminho agora é guiado pela ciência.

Fui almoçar no secular restaurante de Domício, e deparei-me com o espírito criativo do itabaianense. Eles vendem farofa gourmet. Isso, destinada à exportação. Foi saber como se fazia, eles foram sucinto: “a farofa é feita com manteiga de garrafa e farinha de forno de barro.” Pensei, os saberes ancestrais não morrem com o agronegócio, eles de se reinventam.

Lá mesmo, no restaurante, fiz uma viagem a minha infância.

Em Itabaiana, meados do século XX, Dona Iaiazinha, uma senhora da alta sociedade, mãe de Alberto Carvalho, vendia balas de café. Ela não era doceira, só fazia balas de café. Era um compromisso cultural, a receita foi trazida de Moçambique.

Depois, aquela bala, com um sabor que acordava a alma, aroma de café torrando, consistência (pegajosa), desapareceu. Ela morreu guardando o segredo.

Entretanto, como não faz nada escondido, por muito tempo, a empregada de Dona Iaiazinha, Gerusa Caraibeira, também conhecia a receita, e repassou para a mãe de Seu Domício. Em resumo, as mesmas balas continuam sendo produzidas.

Fui ver os drones do agronegócio e, no caminho, encontrei as balas de café de minha infância.

Palmas para a FAESE e o SEBRAE pela grande feira, um show de tecnologias e negócios. Palmas para Itabaiana pelo dinamismo econômico, pela moderna gestão política e pela criatividade do seu povo.

Obrigado aos “domícios”, pelas balas de café!

Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.

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