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Famílias de crianças trans se mobilizam contra nova resolução do CFM que proíbe bloqueio hormonal em menores de idade

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Medida afeta diretamente casos como os de Chloe, de 12 anos, e V, de 9 anos, cujos pais relatam preocupação com impactos na saúde mental e bem-estar das filhas

A recente resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que proíbe o bloqueio hormonal em crianças e adolescentes trans no Brasil, tem causado grande comoção entre famílias e profissionais da saúde. A decisão afeta diretamente meninas como Chloe Stanley, de 12 anos, que vive em São Paulo com a mãe, o irmão e a avó.

Em fevereiro deste ano, a mãe de Chloe, Tatiam Stanley, obteve na Justiça a guarda unilateral da filha e, com isso, o direito de iniciar o tratamento com bloqueadores hormonais, sob orientação médica. A previsão era que o bloqueio fosse iniciado em agosto. No entanto, com a nova resolução do CFM, o início da terapia foi suspenso, e os planos da família foram colocados em xeque.

Chloe foi diagnosticada com disforia de gênero severa, e sua maior preocupação, segundo a mãe, é o avanço da puberdade e o desenvolvimento de características masculinas. Tatiam expressou à Agência Brasil profunda frustração com a medida. “Fomos bombardeados com essa notícia. Chloe está desolada. Estou tentando animá-la e mostrar que ainda há esperança”, declarou.

A mãe denuncia a falta de diálogo do CFM com ambulatórios especializados e famílias de pessoas trans antes da publicação da resolução. Para ela, a medida representa um retrocesso significativo. “É um ultraje. Proibiram sem nos ouvir. Não podemos simplesmente aceitar e assistir de braços cruzados ao que estão fazendo com nossos filhos”, afirmou.

Outro caso que ganhou repercussão é o da menina trans V, de 9 anos, que vive com os pais em Florianópolis. Desde a infância, ela demonstrava interesse por brincadeiras consideradas, tradicionalmente, femininas. Durante a pandemia da covid-19, com mais tempo em casa, a menina passou a se expressar com mais liberdade, adotando o nome social e se apresentando de forma condizente com sua identidade de gênero.

O pai de V relata que, com o apoio da escola pública em que estuda, a filha tem conseguido viver com mais dignidade, mas agora teme que a resolução do CFM dificulte o acesso ao tratamento hormonal necessário. “Ela ainda não iniciou o bloqueio, mas está sendo acompanhada por um ambulatório trans. Estávamos nos preparando para iniciar o tratamento no momento certo. Essa decisão do CFM nos deixou inseguros e angustiados”, relatou.

Ele também destacou os riscos para a saúde mental de crianças e adolescentes trans. “A expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de apenas 35 anos. O bloqueio hormonal é uma forma de proteção, de saúde mental e emocional. É parte da afirmação de quem essas crianças são”, defendeu.

O receio das famílias é que, diante da proibição, crianças e adolescentes busquem formas alternativas e não supervisionadas de acesso aos medicamentos, colocando a própria saúde em risco. Além disso, apontam que a medida nega a existência das infâncias trans e aprofunda o estigma, aumentando a exposição à transfobia.

Especialistas e organizações da sociedade civil já se mobilizam para contestar a decisão do CFM judicialmente e pressionar por diálogo e revisão da medida. Enquanto isso, famílias como as de Chloe e V continuam lutando para garantir que suas filhas tenham acesso ao direito à saúde e ao respeito à identidade de gênero.

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