Uma tartaruga-verde que foi registrada em 2001, quando ainda era jovem, por pesquisadores em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, foi encontrada em abril deste ano em Fernando de Noronha, no litoral de Pernambuco. O achado, 24 anos depois, é inédito para o Projeto Tamar, pois é a primeira vez que uma tartaruga-verde jovem cadastrada é encontrada adulta em outra região do país.
A tartaruga foi identificada pelas plaquinhas metálicas que foram fixadas em suas nadadeiras em Ubatuba. Na época do registro, ela pesava 13 quilos e sua carapaça media 49 centímetros. Ao ser encontrada em Fernando de Noronha, na Praia da Quixabinha, um importante ponto de desova, a tartaruga estava desovando e seu tamanho mais que dobrou, atingindo 103 centímetros de carapaça.
A distância entre Ubatuba e Fernando de Noronha é de mais de 2,5 mil km em linha reta, o que demonstra a capacidade de deslocamento das tartarugas marinhas. Para os pesquisadores do Projeto Tamar, o reencontro, além de surpreendente, era um resultado esperado a longo prazo, considerando o trabalho de marcação realizado desde 1991 em Ubatuba.
Henrique Becker, coordenador de Pesquisa e Conservação do Tamar em Ubatuba, comemorou o achado, ressaltando a importância da metodologia de marcação para o acompanhamento das tartarugas ao longo de suas vidas e em diferentes áreas. O projeto já registrou outros reencontros de tartarugas-verdes marcadas, algumas chegando ao Uruguai e à Nicarágua, mas esta é a primeira vez que um animal marcado jovem é encontrado adulto em uma área de desova.
A descoberta também reforça a conexão entre áreas de alimentação, como Ubatuba e Praia do Forte (BA), onde outra tartaruga marcada em 2010 também foi encontrada em Fernando de Noronha, e as áreas de reprodução no arquipélago pernambucano. As tartarugas-verdes podem viver até 80 anos ou mais, o que significa que a tartaruga reencontrada em Fernando de Noronha ainda tem um longo período de vida pela frente.