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Aracaju, a Sultana das águas – 170 anos.

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A transferência da Capital das margens do Rio Paramopama, um afluente do Vaza Barris, para a Barra do Rio Sergipe, foi um avanço.

A mudança da Capital deu o primeiro passo, em 30 de abril de 1833, quando a rica viúva itabaianense, Maria José de Faro Leitão Rollemberg (Maria do Topo), dona do Engenho Unha do Gato, casou-se com João Gomes de Melo, do Engenho Santa Bárbara. O casamento, fez-lhe o homem mais rico de Sergipe. O primeiro sergipano Barão do Império.

O Barão de Maruim, segundo Tobias Barreto, era um plutocrata rico, distintamente pródigo, benfazejo e filantropo. Ele construiu as suas expensas, a bela matriz de Maruim. Conta-se que o Barão, politicamente, queria transferir a Capital de São Cristóvão. Esvaziar a força do Napoleão do Poxim.

Transferir para onde? Aqui entra a douta teoria da conspiração. Maria do Topo, esposa do Barão possui vasta extensão de terras nas inóspitas praias do Aracaju. Fez a cabeça do marido.

O digno Joaquim Inácio Barbosa só cumpria as ordens do Barão! Era o que se falava à boca miúda.

A resolução provincial de 17 de março de 1855, foi aprovada em reunião extraordinária da Assembleia Provincial, no Engenho Unha de Gato, em Santo Amaro. Em terras do Barão. O vigário Barroso, representante de São Cristóvão no Parlamento Provincial, participou da reunião, tendo votado contra a resolução.

A verdadeira reação a mudança da Capital ficou por conta do senhor João Policarpo Borges, o João Bebe Água, que nomeia atual rodovia que une as capitais. João Bebe Água guardou até morrer, 12 dúzias de foguetes, para soltá-lo por ocasião do retorno da Capital para São Cristóvão. Esses foguetes existiam até um dia desses.

Luiz Antonio Barreto dizia que Aracaju era um aterro embelezado, obra do trabalho dos sergipanos. Construir uma bela capital na Baia de Guanabara ou na Baia de Todos os Santos é fácil. A natureza estava pronta. Aracaju era coberta de charcos e manguezais.

O engenheiro Sebastião Pirro fez a planta, e iniciou-se a bela obra: aterrar os pântanos. Até hoje, qualquer chuvinha alaga. Na inauguração (1855), houve duas epidemias: Sezão e Cólera. Inácio Barbosa, o Catinga, sucumbiu da primeira.

Inácio Barbosa faleceu na cidade de Estância, em 6 de outubro de 1855, aos 33 anos, vítima da malária. O Dr. Guilherme Pereira Rebelo, o primeiro médico do Aracaju, não deu conta. Levaram o Presidente Barbosa para Estância, onde a medicina era mais avançada.

Diante das febres do Aracaju, o povo cantava: “Quem for para Aracaju/ leve um rosário para rezar/ Aracaju é purgatório/ onde as almas vão penar.”

Passados 170 anos, Aracaju continua dependendo do saneamento. Sem a despoluição dos seus rios e canais (Sergipe, Sal e Poxim), Aracaju não terá um turismo sustentável. O turismo das festas baianas, leva mais dinheiro do que traz. É uma ilusão, onde poucos se beneficiam.

Aracaju era a Mbaracagupe dos Tupinambás, rio dos homens loiros, dos franceses, dos galegos, que estavam ali em busca do Pau Brasil e da canafístula. A primeira povoação chamou-se Santo Antonio do Rio Aracaju. Aracaju era o rio, por isso “do Aracaju” e não “de Aracaju”, como se diz atualmente.

O poético Cajueiros dos Papagaios, é mais bonito, mas veio depois. Quem conhece a Zona de Expansão, a bacia do Vaza Barris, ainda assiste revoadas de jandaias.

A Prefeita Emília, tem um grande e prazeroso desafio. Aracaju é dos sergipanos!

Antonio Samarone – médico sanitarista.

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