Gente Sergipana – João Cândido de Faria.
(por Antonio Samarone)
João Cândido de Faria, natural da Bahia, formado em medicina em Montpellier, França, em 1829, defendendo a tese sobre a Cholera-Morbus. Exerceu a medicina em Laranjeiras (1830 a 1855).
O local de nascimento de João Cândido é incerto, Luiz Antonio Barreto acreditava ter sido no Sul de Sergipe, antes dos avanços territoriais da Bahia.
João Cândido fixou residência em Laranjeiras em 1830, casando-se com a espanhola Josefa Aragonez, com quem teve quatro filhos: Cândido, Júlio, Adolfo e Henrique (falecido ainda jovem).
Em 1855, irrompeu em Sergipe um surto de Cólera, que mobilizou médicos e recursos terapêuticos. O Dr. João Cândido de Faria foi um dos profissionais da medicina e uma vítima.
“O seu filho mais famoso, o sergipano Cândido Aragonez de Faria, nasceu em Laranjeiras, Sergipe, em 1849 e morreu em Paris, na França, em 1911, aos 62 anos. Uma vida dedicada a arte, como chargista, cartazista, artista plástico completo, como testemunham suas obras, especialmente os mais de trezentos cartazes de filmes produzidos pela Casa Pathé.” Luiz Antonio Barreto
“O nome de Cândido Aragonez aparece, com destaque, na História da Caricatura Brasileira, de Harman Lima, mas não há, naquele livro, nenhuma informação sobre o seu nascimento e vida.” – Luiz Antonio Barreto.
Fundação do primeiro hospital em Laranjeiras.
Os Drs. João Cândido de Faria (primeiro diretor) e Francisco Alberto de Bragança (o pai do célebre Antonio Militão de Bragança), fundaram o Hospital Senhor do Bomfim, em Laranjeiras.
Sem nenhum patrimônio e sob um compromisso aprovado pelo Presidente da Província, foi criada em 1836, uma instituição de caridade visando instalar um hospital em Laranjeiras.
Após longos esforços, finalmente, em 29 de junho de 1840, no Governo do Coronel Wenceslau de Oliveira Belo, o “Hospital Senhor do Bonfim” será inaugurado. O hospital foi administrado pela Irmandade do Senhor Bom Jesus do Bonfim.
A questão central para o funcionamento desse hospital era a falta de financiamento. Os legados e subvenções eram quase inexistentes e o que se arrecadava de esmola era muito pouco.
A lei n.º 28, de 11 de março de 1839, no Governo do Presidente Joaquim José Pacheco, concedeu o privilégio de exploração de loterias ao Hospital Senhor do Bonfim, mas àquela altura o instrumento das loterias andava bastante desgastado, e era muito difícil arrecadar-se alguma coisa por esse meio.
Restava ao hospital a contribuição marítima do Porto de Aracaju, em torno de 800$000 réis, que, na prática, era a única efetiva.
Em 1847, O Presidente da Província, José Ferreira Souto, solicitou recursos à Assembleia Provincial para comprar uma nova casa para funcionamento dessa instituição, alegando completa falta de condições da existente:
“A que ora serve não pode por todos os motivos continuar. É pequena, baixa, quente, e a mais insalubre possível. Os doentes estão confundidos, e tudo ali é tão miserável, que só na última necessidade se poderá procurar aquele asilo.”
De fato, as condições de funcionamento do Hospital Senhor do Bonfim, em Laranjeiras, não eram das melhores. O hospital funcionava em uma casa alugada, que possuía apenas 18 palmos de altura e 30 de largura em sua frente, era dividida em três salas e duas enfermarias, onde estavam instaladas cerca de 16 camas, com um mínimo espaço de separação. A mortalidade atingia cerca de 50% dos internados.
Em 1848, foram abrigados neste hospital 27 doentes, dos quais 13 faleceram, 9 receberam alta e 5 permaneceram internados até o ano seguinte.
O Presidente Salvador Correia de Sá e Benevides, em seu relatório de julho de 1856, assim descreve a citada instituição:
‘Existe esse pio estabelecimento em um edifício sumamente acanhado e sem nenhuma das condições exigidas para casas dessa ordem. A caridade particular pouco sustenta os pobres enfermos, e são tão diminutos, tão precários esses recursos, que apenas um limitadíssimo número de camas pode manter essa santa instituição.
Esse hospital deixou de funcionar em 11 de junho de 1859. Os senhores Ângelo Custódio Polliciano, José Joaquim Fernandes Sampaio e Eugênio José de Lima assinam o documento que assinala o fechamento do Hospital, com as seguintes justificativas.
“Pobre, sem patrimônio, reduzido à subvenção marítima da barra, a qual produz 1:200$000, quando as despesas orçam 3:600$000, não podia mesmo o hospital funcionar.”
Antonio Samarone – médico sanitarista.