Aracaju: 166 anos de evolução urbanística, política e social

Redação, 18 de Março , 2021


Foto: Gilton Rosas

Aracaju desabrochou. Neste dia 17 de março, a capital sergipana completa 166 anos. O que era praticamente um quadrado, planejado pelo engenheiro militar e projetista Sebastião José Basílio Pirro, cresceu impulsionada pelo desenvolvimento social e urbanístico, aproximando-se de 665 mil habitantes, e marcada pelo selo da capital da qualidade de vida.

O olhar da Câmara Municipal de Aracaju registra os 166 anos desta evolução política e social, expansão territorial, desenvolvimento urbanístico, mudanças socioculturais das pessoas e da cidade.

Primeira cidade planejada e totalmente projetada do Brasil, Aracaju tem sua história recontada por Igor Jurubeba, professor e mestre em história; e por Jorge Carvalho, professor aposentado da Universidade Federal de Sergipe (UFS), ex-secretário de Estado da Educação e autor de dois livros que contam a história política do parlamento municipal.

Esta releitura traz fatos históricos inusitados, engraçados e curiosos, que ficaram esquecidos pela maioria dos livros que narram a transferência dos vereadores de São Cristóvão para a criação da Casa Legislativa da nova capital.  Em especial, este capítulo da mudança de Aracaju foi marcado por episódios dignos do anedotário cultural brasileiro. Mas, na verdade, trata-se de uma releitura afetiva de atos de grande relevância para as atuais condições de habitabilidade dos aracajuanos.

“Os políticos da cidade na época eram contra a mudança da capital para evitar que São Cristóvão caísse em decadência. Por isso, o transporte dos móveis da Câmara de Vereadores foi feito de madrugada,  sendo utilizados carros de boi, que percorriam as ruas de pedras bem devagar, para não chamar a atenção”, resgatou Igor Jurubeba.

Puxada a tração animal na madrugada,  segundo o professor, a Câmara Municipal de Aracaju nasce quase que simultaneamente à mudança da Capital. Até meados do século XIX, quando a capital de Sergipe ainda era São Cristóvão, sob forte resistência,  alguns políticos já vislumbravam a necessidade da mudança do núcleo administrativo.

“No século 19 os políticos perceberam que São Cristóvão não atendia mais aos interesses de um novo tempo, porque o Rio Paramopama era estreito e raso. Era preciso uma capital próxima ao Rio Sergipe para escoamento da cana de açúcar, base econômica do Estado, que era exportada para fora do Brasil”, relata o professor Igor Jurubeba.

O professor conta que algumas cidades foram cogitadas para serem a capital sergipana e Aracaju ganhou por atender aos pré-requisitos exigidos à época. “A Barra dos Coqueiros foi eliminada devido à grande quantidade de coqueiros na região, fazendo com que o vento não chegasse até a cidade, o que deixava o clima abafado. Santo Amaro das Brotas também foi cogitada, mas já era uma cidade decadente. Logo, perceberam que existia um povoado, às margens da Foz do Rio Sergipe, com saída direto para o mar, o povoado do Santo Antônio do Aracaju, um povoado de pescadores”, frisou Jurubeba. 

Tudo perfeito

Mas, a mudança não foi tão fácil quanto previam. “Após uma grande análise, decidiram mudar a capital para o povoado Santo Antônio do Aracaju, no dia 17 de março de 1855, mas os políticos de São Cristóvão sabiam que a cidade cairia em decadência, perdendo sua importância política e econômica. A elite da época possuía muitas terras em Aracaju e possuíam interesse na transferência da Capital”, destacou Jurubeba.

O professor ainda reivindica para o bairro Industrial os primeiros registros de povoamento da capital.  “A primeira localidade a ser povoada em Aracaju foi a região onde hoje está localizada a Orlinha do Bairro Industrial. Sempre que falam da história de Aracaju, as pessoas vão para a Colina do Santo Antônio, só que isso não é verdade. Os pescadores que aqui viviam moravam na região da Orlinha do Bairro Industrial”, surpreende o professor.

Mais um fato novo na recontada trajetória da capital. “O primeiro prédio construído em Aracaju foi a Alfândega, edificação localizada onde hoje é a Praça General Valadão, no centro”, assegurou  Igor Jurubeba.

Como exponencial do nascimento da cidade,  a Praça General Valadão , – que abriga o histórico prédio da Alfândega -, apontado pelo professor, também mantém seu protagonismo e tem a predileção dos aracajuanos, sendo escolhida como o berço das grandes lutas e conquistas, servindo comumente como ponto de concentração e partida para as grandes manifestações populares, sociais, protestantes e políticas até os dias atuais.

E sob o sol ou sob as luzes da Alfândega, nasceram e nascem vários dos movimentos populares que definiram e ainda definem o poder político, tanto da capital quanto do governo do Estado de Sergipe. 

Câmara

O legislativo municipal de Aracaju – que também completa 166 anos no próximo dia 30- , é apontado por Jorge Carvalho como a instituição pública mais antiga da nova capital. “Escrevi, junto com a pesquisadora Esther Fraga Vilas Boas, dois livros. O primeiro levou o título de Os Camaristas, que trata da história da Câmara de Aracaju desde 1985, quando foi instalada até 2010, ano em que completou 155 anos de funcionamento. O segundo é intitulado ‘Fontes para a história do Poder Legislativo da cidade de Aracaju e como como subtítulo a primeira década de funcionamento da Câmara de Vereadores”.

De acordo com o escritor, a Câmara de Vereadores é também a instituição pública mais antiga em funcionamento na cidade. “A Câmara nasceu junto com a cidade, quando Inácio Joaquim Barbosa transferiu a Capital da província de São Cristóvão para Aracaju, instalou o governo da província e o governo da cidade”.

Outro fato curioso e pouco difundido, que marca o nascimento de Aracaju, foi a constituição do primeiro governo da capital.  “Aquele que era eleito para presidir a Câmara era também quem governava a cidade”, explica Carvalho.

Em sua obra, Jorge descreveu que, desde a transferência da capital, há 166 anos, a Câmara Municipal foi protagonista, atuando diretamente para criar as atuais condições de habitabilidade, desenvolvimento urbanístico e social vivenciados pelos nativos e admiradas pelos seus visitantes.

“Desde então, a Câmara tem se dedicado a organizar a cidade. Nos arquivos da Câmara, consta o primeiro livro de ata de presença dos vereadores nas sessões. Ali, consta toda a estrutura de organização da cidade, como a disciplina de como deveria ser o arruamento; qual a largura das ruas; como deveriam ser as fachadas das casas; qual a largura das calçadas;  o que era obrigatório e o que era proibido ter nas casas. Também onde deveriam ser colocados os mortos; construídos os cemitérios; o que poderia e deveria ser vendido nos mercados; o funcionamento dos hospitais,  do transporte público e quais animais poderiam circular, assim como os ruídos que eram permitidos nas ruas”, relembrou o historiador.

Atualmente,  em observância à Constituição Federal do Brasil de 1988, o poder político é repartido de forma independente entre Governo Federal, Estados e Municípios, atuando simultaneamente aos respectivos Poderes Legislativos e Judiciários.

A Câmara Municipal de Aracaju, funcionando na praça Fausto Cardoso, atua harmônica e simultaneamente à Prefeitura de Aracaju, fiscalizando, criando, aprovando leis e revisando o plano diretor, que ordena o desenvolvimento territorial e urbanístico da cidade, por deliberação dos 24 vereadores eleitos pelo voto popular.

“Aracaju completa 166 anos, tenho muito orgulho de fazer parte desta história, antes somente como jornalista, noticiando os fatos e buscando levar as respostas para a população, hoje estou vereador e a responsabilidade aumenta, por que além de olhar, verificar e fiscalizar, eu busco também ajudar a resolver os problemas”, disse Ricardo Marques (Cidadania).

“Hoje, 17 de março,  é um dia muito importante para todos nós, 166 anos, eu como amigo dos aracajuanos e como simples parlamentar, quero parabenizar a todos. O presente que posso dar para você aracajuano é que possam contar comigo para o que precisar para uma melhor qualidade de vida”, afirmou o vereador Cícero do Santa Maria (Podemos).

O Pastor Diego (PP) fala do orgulho de ser aracajuano. “Para mim, Aracaju é a cidade mais bonita do Nordeste, ela é planejada, organizada e está em franco desenvolvimento. Parabéns Aracaju pelos seus 166 anos”.

Já o professor Bittencourt (PCdoB) destaca o perfil do povo aracajuano. “Essa nossa grande cidade de um povo inteligente e hospitaleiro e que assim se mantenha para que possamos progredir sempre, de forma que todos tenham uma boa qualidade de vida, lazer, justiça social. A todos os aracajuanos o meu mais sincero abraço”.

Fonte: Ascom CMA


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