Vacina BCG: quais os perigos da baixa cobertura deste imunizante?

Corte de distribuição, produção nacional pausada e falta de verba para campanhas vacinais diminuem a cobertura vacinal do imunizante

Redação, 21 de Setembro , 2022

Criada em 1921 pelos médicos franceses Léon Calmette e Alphonse Guérin, a vacina BCG completou 101 anos no dia 1 de julho. No entanto, o panorama atual é de pouca comemoração e muita preocupação com a baixa cobertura do imunizante no Brasil.

A distribuição das vacinas aos estados foi reduzida pelo Ministério da Saúde – de 1 milhão para 500 mil doses. Esta situação ocorre porque a Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), no Rio de Janeiro, foi interditada em fevereiro deste ano por não cumprir as diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A Anvisa já informou em nota oficial que a fabricação da vacina continuará pausada até que a FAP faça todas as adequações necessárias. Trata-se da única fábrica nacional, portanto a situação possui grande influência na oferta do imunizante - mas não é o único motivo.

Outro fator determinante para a baixa incidência de aplicação da BCG é a queda generalizada na taxa de vacinação infantil em todo o território nacional. A meta do Plano Nacional de Imunizações é de 90% do público alvo. No entanto, o DataSUS aponta que o Brasil atingiu apenas 41,3% da cobertura vacinal nos primeiros oito meses de 2022.

Segundo especialistas, a diminuição de investimento por parte do Poder Público também contribui para essa situação. Em 2021, o Governo Federal reduziu pela metade as verbas para campanhas de vacinação infantil.

Estima-se que cerca de 900 mil crianças não tomaram a BCG no Brasil no ano passado, o que representa uma cobertura com índices semelhantes aos da década de 80 - mesmo com uma taxa de natalidade menor atualmente. A aplicação de imunizantes contra hepatite B, meningocócica C, pentavalente, pneumocócica, pólio, rotavírus e tríplice viral também está em declínio.

A desconfiança em relação aos imunizantes é mais um motivo. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já listava a hesitação vacinal como uma das dez ameaças globais. Isso se intensificou durante a pandemia de Covid-19.

Diante dos baixos estoques nacionais, a OMS recomenda que a vacinação seja feita o quanto antes, logo após o nascimento e ainda na maternidade. Isso, no entanto, não vem acontecendo.

Em vários estados do Brasil, a vacinação só é feita através de agendamento ou com restrições a algumas unidades de saúde, dentro do horário estipulado para a imunização.

Consequências da baixa cobertura vacinal da BCG
A vacina BCG age contra a tuberculose. Embora não seja 100% eficaz em relação à infecção, o imunizante bloqueia sua evolução e evita, na grande maioria dos casos, versões mais graves da doença como a tuberculose miliar ou meningite tuberculosa.

No século XX, a tuberculose matou aproximadamente 1 bilhão de pessoas no mundo inteiro. Dados da OMS mostram que, após o desenvolvimento da BCG, nas últimas duas décadas, as mortes por tuberculose foram reduzidas em 30%. Segundo especialistas, esta queda está diretamente associada à vacinação.

A imunização é a melhor maneira de prevenir infecções. Para resultados positivos, é necessário que a carteira vacinal seja cumprida, seguindo as recomendações de organizações e profissionais da saúde.

Por isso, a baixa cobertura de imunização é perigosa para todos, visto que a vacinação é um esforço coletivo. Além de garantir a proteção individual, a imunização diminui o risco de transmissão na comunidade, promovendo melhoria na saúde pública e redução dos gastos com tratamento e internações da doença. Ou seja, impede que a tuberculose volte a ser uma doença de grande incidência no Brasil.

Um claro exemplo dos perigos da baixa vacinal é o reaparecimento do sarampo no Brasil. A doença havia sido erradicada em 2016, mas voltou a ser registrada em agosto de 2019 no Pará, Rio de Janeiro e São Paulo.

Com isso, o Ministério da Saúde decretou emergência à saúde pública devido ao avanço de diagnósticos de sarampo em vários outros estados.

Sobre a tuberculose
Por ser uma doença infecciosa e altamente transmissível, a tuberculose é considerada muito perigosa. A bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch, se instala nos pulmões e pode se instalar em praticamente todos os órgãos, principalmente nos rins, ossos e meninges (membranas que envolvem o cérebro).

Sintomas da tuberculose
Os principais sintomas são:

Tosse persistente (por mais de duas semanas)
Catarro
Febre
Sudorese noturna
Fadiga
Falta de apetite
Emagrecimento
Escarro com sangue

Fatores de risco
Tabagismo, álcool, drogas e diabetes são os principais. Pessoas que sofrem de doenças que prejudicam a imunidade, como a AIDS, também são mais propensas à infecção. O mesmo vale para medicamentos com esse efeito. Pessoas em situação de rua, detentos e indígenas também fazem parte do grupo de risco.

Tipos de tuberculose
Os tipos de tuberculose são:

Pleural: atinge a membrana dos pulmões (pleura), causando, além dos sintomas já citados, dor no tórax, falta de ar e água na membrana pleural;
Extrapulmonar: afeta outros órgãos além dos pulmões;
Ganglionar: acomete os gânglios (linfonodos) da região do pescoço; comum em pessoas infectados com o vírus HIV;
Óssea: por afetar a coluna vertebral, causa muitas dores na área das costas; se não tratada corretamente, pode chegar ao sistema neurológico;
Urinária: causa insuficiência renal; exige tratamento rápido.

Tratamento
O tratamento é feito com antibióticos específicos para tuberculose. É de suma importância que o paciente siga todas as orientações médicas e realize consultas regulares para garantir uma recuperação completa. Este processo dura cerca de seis meses.

Cuidados com a vacina BCG
Como dito anteriormente, tomar a BCG é a melhor forma de evitar a tuberculose. Bebês recém-nascidos com no mínimo 2 kg podem tomar a vacina ainda na maternidade.

Crianças de até um ano recebem uma dose de 0,05 ml. As mais velhas são imunizadas com 0,1 ml.

A resposta ao imunizante leva de três a seis meses, caracterizada pelo surgimento de uma mancha vermelha no local de aplicação, que se torna uma pequena ferida e, por fim, uma cicatriz.

Em raros casos, há a ocorrência de sangue na urina (hematúria macroscópia), contração na bexiga e obstruções temporárias na uretra. Além disso, reações sistêmicas como hepatite ou pneumonia, febre acima de 39ºC e infecções localizadas por BCG.

Quando houver suspeita da doença, é necessário notificar o Sistema de Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinais e o local onde a dose foi administrada. O acompanhamento e tratamento destes casos deve ser feito com um profissional médico de sua confiança.

A vacina é contraindicada para bebês prematuros ou que tenham menos de 2 kg. Nesses casos, é preciso que a criança chegue ao peso certo para ser imunizada.

Pessoas alérgicas a algum componente da fórmula, vítimas de imunossupressoras, infectadas com AIDS ou outras infecções generalizadas também não podem tomar a BCG.


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