Balança, mais não Cai. (Por Antonio Samarone)

Redação, 28 de Abril , 2023



 

Ontem foi a vez da quadrilha junina “Balança mais não Cai”, a resistência do Agreste, fundada em 16 de junho de 1982. Fizeram a conta? São 40 anos.

A Balança mais não cai é bem mais que uma quadrilha junina, é um bailado sertanejo. Das antigas quadrilhas afrancesadas, restou muito pouco. Nada de anavan, alavantu, anarriê, olhe a chuva, é mentira. Agora é uma coreografia, um enredo, um figurino, uma dança próxima do xaxado de Maria Bonita.

São as raízes do Nordeste. A música é comandada por um trio Pé de Serra, legítimo, puro sangue.

Esse ano, o tema da “Balança mais não Cai é os “segredos da botija”. As botijas eram o sonho de muita gente. Quem encontrá-las ficaria rico. Botijas eram tesouros escondidos, deixados pelos Jesuítas em 1759, quando foram expulsos do Brasil, pelo Marques de Pombal. Os Jesuítas saíram às pressas e deixaram os seus bens.

Essa gente da “Balança mais não Cai” vem engrandecendo Itabaiana há 40 anos.

Esse grupo de dança foi fundado por Salomão e Dona Nide, e continuado pela filha Elivania, que é a marcadora. Acho que é a única mulher a marcar quadrilha no Nordeste. Em Sergipe, eu tenho certeza.

Essa gente é filha de Seu Bonito e Dona Dulce, raízes do Beco Novo. São negros que comandam uma resistência cultural, por conta própria. Bonito é irmão de Seu Pierrô, que vieram de Maruim, para jogar futebol no Itabaiana. Bonito era zagueiro e Pierrô meia esquerda.

O grupo Balança mais não Cai herdou, com justiça, o “Clube dos Trabalhadores”. Quando o clube foi criado pelos comunistas Tonho de Docí, Euclides alfaiate, João Barraca, Mazze Lucas e Seu Faustino, entre outros, tinha mesmo essa finalidade.

Na infância, eu passei vários carnavais no Clube dos Trabalhadores. O Beco Novo era inundado pela voz de Claudionor Germano, cantando os frevos de Capiba. Entenderam por que Claudionor Germano foi escolhido para cantar o hino do Itabaiana. A sua eterna voz está no inconsciente dos ceboleiros.

Eu sou testemunha: Salomão está envolvido com a cultura popular em Itabaiana há mais de 50 anos. Gente raiz, que conhece a alma do povo. A Balança mais não Cai possui 80 bailarinos. Todos, filhos do povo.

A Balança mais não cai é um show de música, dança e celebração das festas juninas.

A Prefeitura de Itabaiana abraça, incentiva e apoia essa gente alegre e festiva.

Viva a “Balança mais não Cai”!

Antonio Samarone. (médico sanitarista)


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