PERSONAGENS DE UMA REVOLUÇÃO NÃO ANUNCIADA.
O meu engraxate, em 23 de junho de 2023; e o engraxate de Louis Daguerre, em 1838 (detalhe de foto maior, abaixo).
Uma história leva a outra; que leva a outra... e a um fantástico mundo.
Sexta-feira, 23, véspera de São João, de repente, ao tomar meu cafezinho, já de adiantado papo com os amigos eis que passa um jovem engraxate, uma raridade nestes tempos, já quarentões no uso de tênis ao invés do sapato.
Eu, por questão de economia só ando de roupa ‘social’: calça, camisa e sapato, naturalmente. Mudei de hábito, ainda jovem depois do saudoso amigo Adelardinho Jr, colega de cachaças, de rádio e rock – primeira metade dos 80 – então lojista de confecções me lembrar que a calça jeans stone wash que acabara de comprar custava que uma vez e meia o valor da calça social chique que também estampava na sua vitrine; e que o tênis que eu estava então usando, custava quase duas vezes o sapato social da onda, o Monza da Samello.
Um boulevard vazio, sem nenhum movimento, e Daguerre aponta sua precária lente, para o espaço vazio, buscando aquela que foi a primeira imagem fixada por processo de reação físico-química. E eis que depois percebe, num cantinho, lado esquerdo, embaixo, um detalhe: havia um engraxate ganhando um troco lustrando o sapato de um também solitário cliente. As duas primeiras criaturas vivas e eternizadas na fotografia. Os faraós do Egito dariam tudo para serem eternizados assim.
Mas, voltando ao engraxate, ao usar-lhe os prestimosos serviços eu o fotografei em ação.
Nem lembrei na hora; mas, as primeiras pessoas a aparecer numa fotografia, de 1838, feita pelo próprio Louis Daguerre – inventor da fotografia - e seu daguerreotipo, felizmente logo renomeado para câmera fotográfica, foram um engraxate e seu cliente, num boulevard parisiense.
Nascia ali algo realmente revolucionário. Dali veio o cinema, a TV e toda a parafernália de uso da imagem, como as atuais câmeras de celular.
A fotografia está na notícia, no documento, nas ciências, como a antropologia, a geologia, a história, a biologia, a física, etc.. É impossível nos dias atuais, imaginar-se a sociedade sem a imageria.
A minha homenagem ao engraxate de sexta-feira, dia 23. Sem o saber, nos protagonizamos aquela que a cena mais emblemática da nossa civilização atualmente
Por volta de 1890 Miguel Teixeira da Cunha, literalmente "picou a mula" para Salvador. Foi buscar sua câmera com a qual registrou raras e preciosíssismas cenas da antiga e estagnada Itabaiana. Como presente, se deu e a nós essa maravilha da Praça Fausto Cardoso e sua imponente matriz de Santo Antônio, responsável pela cidade não ter acabado, de tão parada que era.
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