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PRECES AO DESENVOLVIMENTO PORVIR DE RIO REAL [II]

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Manoel Moacir Costa Macêdo

​Ainda sobre a recente matéria publicada no referido site: “CIDADE BAIANA GERA MAIS DE R$ 150 MILHÕES POR ANO COM A PRODUÇÃO DE LARANJA”. A cidade é Rio Real, estado da Bahia. Esclarecimentos são necessários para o entendimento da realidade desse “rico Município”. ​

No primeiro parágrafo da reportagem, está posto: “Quem vê as terras do município, tão distantes dos grandes centros, não imagina que o território concentra grande parte da riqueza citricultora do estado ao movimentar R$ 156,5 milhões na economia apenas com a produção de laranja – da qual é líder”. 

De pronto, Rio Real não está geograficamente distante dos grandes centros do Estado da Bahia,território do tamanho da França. Dista 200 km de Salvador, capital da Bahia; 190 km de Feira de Santana, e 112 km de Alagoinhas. Dista ainda 140 km de Aracaju, capital de Sergipe e 70 km da cidade de Estância, Sergipe. Ao contrário do escrito, Rio Real está estrategicamente localizado, de duas capitais nordestinas, duas cidades importantes da Bahia, e de uma média cidade de Sergipe.

Feira de Santana e Alagoinhas em particular, são identificadas como “polos de crescimento” com abrangência perante os rio-realenses. Essas aglomerações são referências dos periféricos, como fornecedores de serviços, educação, absorvedoresde mão-de-obra e parceiros comerciais. O esperado é a desejada transformação para “polo de desenvolvimento”, o que até então, não aconteceu.

Outro questionamento, como divulgado na matéria, diz respeito aos valores milionários que circulam anualmente no Município oriundos da citricultura: “MAIS DE R$ 150 MILHÕES POR ANO”.Uma média de R$ 13 milhões por mês. Não estão nessa conta, os impostos municipais, as transferências obrigatórias dos governo estadual e federal e nem as milionárias emendas parlamentares. Não é pouca coisa e merece atençãoe acompanhamento.

Algumas questões são necessárias para acompreensão do conteúdo da matéria por inteiro. Para o articulista a distância, seria a ausência depolíticas públicas do Estado da Bahia no Município?Rio Real está invisível perante o governo estadual em face de sua localização geográfica? Rio Real, como uma divisa gêmea com o Estado de Sergipe,não recebe os cuidados e atenções dos baianos e nem dos sergipanos? [os últimos pelo limite geográfico]. E por último, a presença maciça e benvinda de sergipanos na citricultura rio-realense, entre outras atividades, causam “ciúmes” e arrefecimento dos vínculos oficiais com o Estado da Bahia? As perguntas merecem respostas comprofundidade, para entender as razões do “porvir do desenvolvimento de Rio Real”. 

Existe uma enorme diferença na literatura socioeconômica e política, entre “crescimento e desenvolvimento”. Não é recente e nem é objeto desse ensaio. Os números assentados sãocategorizados como “crescimento”. Estima-se que aárea cultivada com a citricultura de Rio Real, seja em torno de 23 mil hectares. Nessa estimativa, não estão incluídos os cultivos nas vizinhas baianas Acajutiba, Crisópolis, Conde, Esplanada, e nem as sergipanas Cristinapólis e Tomar de Geru.

Na perspectiva do desenvolvimento, algumasquestões merecem consistentes respostas: – quem são os proprietários e o tamanho das propriedades? – qual o padrão empregado de assistência técnica etecnologia? – qual o índice de apropriação da riqueza? – qual a relação entre a agricultura familiar e a cultura dos citros? – qual a realidade social dos catadores de laranjas? As respostas exigemreferências qualificadas. Uma informação carente de verificação: mais da metade da área cultivada com a citricultura em Rio Real, está concentrada em meia dúzia de proprietários sergipanos. 

Outro contraste entre crescimento e desenvolvimento reluz na concentração de renda, no emprego, e no IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. No caso de Rio Real, o IDH = 0,572, qualificado como “Baixo” e o emprego precarizado econcentrado em serviços. No vizinho Itapicuru,donde foi desmembrado o antigo Barracão, o IDH = 0,486, Muito Baixo, o menor entre os 417 municípios baianos. Uma metáfora do cristianismo majoritário, de Jesus à Nossa Senhoria do Livramento comoexpressão materna: “quando quiseres me ver, vem na presença desses sofredores”.

​O “porvir do desenvolvimento” continua. Afinal como profetizou o escritor russo Leon Tolstói: “se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. 

[Fonte: https://aloalobahia.com/noticias/2024/11/27/cidade-baiana-gera-mais-de-r-150-milhoes-por-ano-com-a-producao-de-laranja/   Acesso em 01.12.2024].

Manoel Moacir Costa Macêdo, é engenheiro agrônomo e advogado, reencarnado em Rio Real, econsciência rio-realense. 

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