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PRECES AO DESENVOLVIMENTO PORVIR DE RIO REAL [III]

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Manoel Moacir Costa Macêdo

​Continuam as abstrações sobre a matéria publicada no citado site: “CIDADE BAIANA GERA MAIS DE R$ 150 MILHÕES POR ANO COM A PRODUÇÃO DE LARANJA”. A cidade é Rio Real, estado da Bahia. Esclarecimentos são necessários, para compreender o “porvir do desenvolvimento”, isto é, o atraso social e econômico do Municipio.

No segundo parágrafo da referida matéria, oarticulista, escreveu: “com pouco mais de 35 mil habitantes, quase toda população do local é envolvida na cadeia da commodity. Lá, até o prefeito é produtor e o investimento é tanto que, em 2023, a cidade produziu 251.430 toneladas da fruta, a segundo dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”. Alguns dados são acreditados pelas fontes relatadas, enquanto outros merecem complementariedade. Eles têm sentido e relevância quando interpretados com argumentações teóricas. As elucidações não são neutras, mas encarnam os sentidos de “quem, como e quando argumentam”. 

Inicialmente, merece atenção a informação sobre o uso e processamento da laranja. Fruto que requer cuidados no transporte e embalagem -, um produto agrícola perecível. Uma parte é consumida in natura nos supermercados e feiras livres, com os limites do poder de compra de uma população pobre e desigual. A outra, é transformada em suco de laranja, uma commodity, isto é, uma mercadoria agrícola comercializada no mercado global. Nessa forma, é o principal produto de exportação do Estado de Sergipe, vez que a industrialização dos citros acontece em Estância, onde está localizada a única indústria processadora de sucos.

Apesar da importância econômica da citricultura para Rio Real, os seus resultados não beneficiam a população por igual. Os “catadores”, são ocupados apenas nas safras. Mão de obra jovem, desqualificada e desprotegida da seguridade social. Na entre safra, resta o desemprego e o sofrimento das carências. Um ponto a ser refletido como causa de violência, migração, desesperança e drogas. A maior parcela do emprego está concentrada em serviços, outras na agricultura e a menor delas nas indústrias de cerâmica e bolachinhas de goma. Uma parte dos milionários valores, advindos da citricultura movimentem o comércio local, mas os empregos, são precários em qualificação e salários. No dizer cristão, “uma humanidade que tem olhos e não quer ver – ouvidos e não quer ouvir”.

Rio Real, carece de saneamento básico, ensino de qualidade, segurança pública, emprego, lazer e entretenimento, enfim os condicionantes do desenvolvimento. A juventude não tem esperançar. Os estudantes na quinta e sexta séries, “não sabem ler e nem escrever”. No Nordeste, em torno de 68% dos estudantes não concluem o ensino fundamental.Estima-se que mais de 3 mil rio-realenses migrarampara o frio e europeu de Santa Catarina. Agressão nas dimensões sociais, culturais e humanistas. Expulsão compulsória do ambiente de origem e das identidades. Choques culturais extremados entre o misticismo tropical e a brancura europeia. Conflitossão prováveis adiante, em tempo de polarização e intolerância.

Não deve passar despercebido o que escreveu o articulista: “Lá, [em Rio Real] até o prefeito é produtor […]”. Não apenas o prefeito que cumpriu o seu quarto mandato, mas também o recém eleito. Ambos são produtores e intermediários entre os pequenos citricultores e os agentes de mercado. Relação longe de ser de “ganha-ganha”, mas da conhecida “ganha-perde”. Exploração de quem produz em baixa escala. Cooperativismo, associativismo, industrialização e cooperação, às favas. Para a Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (FAEAB), representação patronal dos produtores rurais, como relatado na matéria, é imprescindível ao crescimento da citricultura,“resolver problemas quanto à infraestrutura, capacitação e assistência técnica”. Importante“construir soluções junto com políticas públicas e parcerias com empresários”, nos vários níveis federativos.

Enquanto isso, permanece o capitalismo sem feição humana, lucros, riqueza em poucas mãos,intermediários, monopólio industrial, comerciantes de insumos e abissal desigualdade. Meio ambiente, saúde pública, educação de qualidade, emprego qualificado, direitos trabalhistas, entre outros condicionantes do “desenvolvimento, ainda estão porvir”. Afinal como profetizou o escritor russo Leon Tolstói: “se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”.

[Fonte: https://aloalobahia.com/noticias/2024/11/27/cidade-baiana-gera-mais-de-r-150-milhoes-por-ano-com-a-producao-de-laranja/   Acesso em 01.12.2024].

Manoel Moacir Costa Macêdo, é engenheiro agrônomo e advogado, reencarnado em Rio Real, econsciência rio-realense.

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