Esquerda, direita, volver, Edvaldo & o DEM

Por Antônio Carlos Valadares

Redação, 04 de Novembro , 2019 - Atualizado em 04 de Novembro, 2019

Leio nas mídias sociais uma afirmação no mínimo curiosa do prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB), quando diz que não faria de jeito nenhum aliança com o DEM da senadora Maria do Carmo e de José Carlos Machado, por ser um partido muito à direita.

Edvaldo elegeu-se em 2016  com minoria na Câmara, mas conseguiu reverter a situação rapidamente, atraindo para seu lado diversos vereadores de cores partidárias antagônicas ao de seu partido, o PCdoB, oferecendo- lhes no melhor estilo da direita cargos em comissão e posições vantajosas na prefeitura municipal.

O prefeito praticou com maestria o famoso toma-lá-dá-cá para garantir votos e aprovar projetos, e tornar a Câmara quase que totalmente dócil, consentindo, com poucas exceções, em defender suas estratégias políticas, inclusive barrar CPIs, e outras investigações que pudessem causar algum incômodo ou alarido nas hostes do poder municipal, e  no seio da opinião pública. 

Sem impor freios ao seu esquerdismo de araque, colocou como líder de seu governo na Câmara, o vereador eleito pelo DEM, Vinicius Porto, um amigo do peito de João Alves e de seu vice José Carlos Machado – este ocupando atualmente a presidência do partido “repudiado” por Edvaldo.

A toda hora Edvaldo promete sair de seu partido, o PCdoB, uma linha dissidente do PC – sem que isso nunca se consolide -, para inscrever-se em outro partido que tenha uma ideologia menos radical, e que se harmonize com o seu modo de ser, de há muito desfocado do desprezo ao capital ou às classes mais abastadas.

O seu casamento com uma pessoa do ramo empresarial, querendo ou não, retirou a sua ideologia, se é que ele tinha realmente alguma.

O deputado Fábio Henrique já afinou as pernas e perdeu quase que toda a saliva andando atrás de Edvaldo convidando-o para se filiar ao PDT sem, no entanto, conseguir o seu intento.

Mas, enquanto isso, Edvaldo às escondidas procura o Lupi, presidente do PDT, na tentativa de entrar por cima, demonstrando não querer nenhum compromisso direto com o deputado e demais filiados ao PDT.

Surfando em cima de um mar de recursos federais liberados por governos de direita ou de extrema direita (Temer e Bolsonaro), divulga um plano de obras invejável, o qual, se for realmente concretizado, a sua reeleição que ele garimpa com método e aplicação, poderá garantir-lhe, segundo ele sonha e imagina, a mais longeva permanência de um prefeito governando Aracaju.

Se o seu sonho se concretizar poderá completar 6 mandatos na prefeitura, sendo 2 de vice-prefeito, e 4 de prefeito, se voltar a ganhar, contando o mandato tampão de 2 anos em substituição a Déda quando se candidatou a governador, renunciando o  mandato de prefeito, assumindo Edvaldo no seu lugar na condição de vice. 

Ao eleger-se prefeito em 2016, quando teve um piripaque num debate, chegou ao 2º turno um tanto quanto desacreditado.

Venceu com duas estratégias mentirosas, urdidas pelo conhecido bruxo do marketing chamado Cauê: 1ª) que iria revogar o IPTU; 2ª) que o seu oponente no 2º turno (Valadares Filho) teria um acordo “secreto” com o então prefeito João Alves, que fora candidato à reeleição e não alcançara nem 10% dos votos no 1º turno.

Uma estratégia mortífera e maquiavélica que deu certo, dando-lhe a vitória nas urnas por uma pequena diferença de 11 mil votos, diante de uma disputa que se anunciava praticamente perdida.

João Alves alcançara uma rejeição sem precedentes, agravada por sua decisão em aumentar o valor do IPTU da cidade a níveis estratosféricos. Daí a tática empregada pelo comuna vacilante ao ligar o seu adversário à figura do ex-prefeito. Aliás, a tais recursos do IPTU, que antes repudiava, Edvaldo hoje a eles se apega de unhas e dentes para garantir a sua cobrança,  chegando ao ponto de retirar ação por ele mesmo proposta na Justiça durante a campanha, a qual pedia a nulidade da lei do malsinado imposto.

Para reafirmar  o seu apego ao IPTU extorsivo, depois que o Tribunal de Justiça decidiu por sua revogação, Edvaldo mais que depressa recorreu ao STF para continuar penalizando o contribuinte com a cobrança absurda.

Mentiu descaradamente e ganhou as eleições, inclusive em meio a investigações nunca esclarecidas de uma composição financeira por debaixo dos panos, em cima do pleito, com a empresa de lixo.

O proprietário desse empresa foi preso e humilhado publicamente e, apesar da investigação divulgada com foros de escândalo, nada se apurou para desvendar o mistério dessa relação incestuosa.

Na memória da opinião pública ficou apenas a prisão temporária do empresário sem nenhuma outra consequência para outrem que dele supostamente tenha se beneficiado.

Para o próximo ano um novo arsenal de mentiras e meias verdades, o marketing de Edvaldo já está preparando, visando a sua reeleição com um discurso envolvente de bom gestor.

Penso que por pragmatismo, na  campanha, Edvaldo não vai imitar o discurso falacioso de que “chegou pra resolver”, de seu mais forte aliado o também “esquerdista” governador Belivaldo.

Pra ganhar uma eleição, desse rapaz não se pode duvidar nada. Se for bom eleitoralmente pra ele, o DEM, estigmatizado hoje como direitona, poderá ser convocado pra estar ao seu lado, disso não tenham a menor dúvida.

Edvaldo não tem identidade ideológica: não é esquerda, nem direita, nem centro. E nunca foi comunista como sugere a sigla do partido ao qual está filiado, e dele quer sair, o PCdoB. Simples assim: uma entidade política amorfa, inodora, insípida e incolor.

Mesmo assim, não se pode desprezar a sua sorte, combinada com suas posições camaleônicas, ou com seu maquiavélico contorcionismo para se manter no poder, apesar de sua figura não se impor como uma verdadeira liderança política perante o povo de Aracaju.

Antônio Carlos Valadares 


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