A força da fé

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Ontem, sábado, 23 deste novembro do ano de 2024, do Nosso Senhor Jesus Cristo, ocorreu aqui, em Itabaiana, mais uma Tertúlia da Sociedade Médica Sergipana, a SOMESE, com uma bem simbólica programação.

A Tertúlia, sempre realizada pela SOMESE, e já feita em outras plagas interioranas, veio fazer justiça aos muitos heróis de verdade, que ajudaram a salvar vidas, desde o nascimento, entre nós. Gente emblematicamente ainda presente em nossa memória, como o grande realizador, o saudoso riachense Dr. Gileno de Almeida Costa, que adotou Itabaiana, em 1935; e por ela foi adotado. O laranjeirense, também saudoso, Dr. Pedro Garcia Moreno Filho, e para não incorrer em justiças, resumindo aqui, entre os vivos, mais um grande símbolo das transformações por que passamos, o soteropolitano Dr. Raulino Galrão Lima, presente em pessoa, ao evento.

Durante a manhã, houve a apresentação da vetusta, porém renovada sede da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição. Renovada, porque a graciosa sede foi reconstruída em 1999, há um quarto de século, dos dois e meio que tem a instituição. Depois, a equipe de médicos se dirigiu ao Instituto João de Matos, anexo do Colégio Estadual Murilo Braga, este, templo máximo do saber em Itabaiana, mesmo hoje, que pululam universidades e faculdades solo, em nosso solo.

Abertura da solenidade propriamente dita, da SOMESE, no auditório do SESC Maria José Tavares dos Santos Machado, em Itabaiana.

E eu, como membro da Academia Itabaianense de Letras no meio deles. 

No Instituto de Música Maestro João de Matos, fomos premiados com um ensaio da orquestra e coral, em preparo para uma apresentação solene, na matriz de Nossa Senhora do Carmo, no próximo dia 30, no histórico Bairro São Cristóvão, na zona Leste da cidade.

Em seguida, nos encaminhamos à Casa de Santa Dulce, presenciar o magnífico trabalho que ora ali se desenvolve, no atendimento aos doentes, especialmente com distúrbios mentais variados. Abandonados, em geral.

A Casa é exemplar. Numa parte alta do Bairro São Cristóvão – o antigo Tabuleiro dos Caboclos, supostamente origem dos boimés(*) – bem ventilada, mesmo cercada de habitações, instalações modernas, enfim: excelente.

Veio a breve apresentação pelo Sr. Marcos Lima, com breve histórico, funcionalidade, enfim.

Mas, de tudo o que mais me chamou a atenção foi, ao sair brevemente da recepção da Casa de Santa Dulce, uma senhora no alto, no mirante anexo, aos pés da imagem ali construída da Santa, em ato de contrição a fazer preces, não sei se de rogo, ou agradecimento. 

A fé resiste.

Apesar de toda a riqueza material e toda a tecnologia atual, “continuamos a precisar de alguém mais alto a nos guiar”, parafraseando o verso da canção popular, Quem me levará sou eu, do Seu José Domingos de Morais, o saudoso Dominguinhos.

Sempre haverá aquele momento de insegurança, de carência, e até de agradecimento especial, não a um programa de computador, uma máquina, uma técnica ou mesmo um operador, um líder humano; em carne e osso. Mas a algo transcendente. Além da nossa compreensão. Fé.

O risco, é alto e sempre iminente de acabarmos sendo manipulados por falsos profetas. Mas desde que o animal homo se tornou sapiens, esse é um risco que sempre corremos e correremos. Porém que dele não podemos escapar, porque inerente à natureza criativa, portanto inquieta, duvidosa, incomensurável e incerta da plenitude, que é a imaginação humana.

Aliás, foi num momento limítrofe, entre a vida e a morte, que Irmã Dulce virou santa. E habitou entre nós, itabaianenses, numa bela história envolvendo medicina e fé.

Que a fé seja infinita, como diz aquele outro compositor popular, o Ivan Lins, em sua canção, A Bandeira do Divino. Sem nos cegar pelos falsos profetas, obviamente.

(*) Não está bem claro a origem mda tribo boimé, em Sergipe. 

Foi ela documentada, já na Missão do Carmo, hoje Carmópolis; contudo, existe indícios de que ela foi trasnportada da Itabaiana pecurista, e reduzida à dita Missão. 

São fatos que apontam nessa direção:

1- A capela do hoje Bairro São Cristávão, apesar de tida como construida pelo Padre Valentim da Cunha, em 1900, de fato é muito anterior, e sua origem é numa missão, dado o símbolo em alto relevo, acima da porta principal;

2 – há um povoado, popularmente chamado “Boimel”, contíguo ao mesmo antigo tabuleiro dos caboclos, hoje Bairro São Cristóvão;

3 – Há uma lenda sobre os matapoanes, em contraposição aos boimés;

4 – Foi comun nos séculos XVII e XVIII a movimentação de grandes contingentes indígenas para tirar-lhes do alcance direto dos colonos, sedendos de terra e de braços escravos para seus lucros. E as ordens religiosas, eram os operadores dessas transferências, em nome da religião e do rei de Portugal. O contrário, seria o extermínio puro e simples, como ocorre, ainda hoje na Amazônia.

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