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MUNDOS EM TRANSFORMAÇÃO

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100.3 Liberdade FM fora do ar. O último suspiro do empreendedorismo começado por Albino Silva?

Na semana passada eu li uma matéria aqui no portal 93, mais uma, sobre a agonia da radiofonia, no caso, a marca Liberdade de Sergipe; melhor, o que dela restou, a Liberdade FM.
A FM, informam os aplicativos para rádio na internet, ora consultados, está fora do ar. Provavelmente sem retorno.
Em mim, causa certa tristeza, apesar de ser missa cantada: só sobreviverão produtores e emissores de conteúdo estribados em fundos públicos, sejam eles estatais ou privados. De governos ou instituições. Impressos, em áudio ou vídeo. Os tempos de financiamento privado acabaram para esses segmentos.
Mas, no caso da Liberdade, a coisa pega um pouco mais.
A Liberdade AM, em que pese politicamente, ser parte de um projeto de poder, que desaguou no golpe e regime de 1964, também foi ela de enorme importância para Sergipe, especialmente no terceiro quartel do século XX.
Para começar, quando foi alcançada pelo próprio veneno que ajudara a fabricar – a censura ditatorial – a emissora foi uma trincheira em defesa da cultura nordestina, chegando a atrair para Aracaju nomes como Dominguinhos, Anastácia, Clemilda, Gerson Filho, a prata da casa Jose Vaqueiro, e outros figurões voaram nas ondas da Rádio Liberdade de Sergipe, mormente quando só existia ela e a Difusora, hoje Aperipê.
O advento da Liberdade FM em meados dos 80 coroou a obra. A emissora veio com um estilo classe A, tanto na linha musical, MPB, pop nacional e internacional, e até boas arranhadas na música clássica. Dava gosto de ouvir. A quem de fato ouve música.
Confesso meu divórcio do rádio – não somente da clássica Liberdade FM – à medida que se diversificaram os meios, especialmente a internet; mas dói-me saber que mais uma ilha de excelência fechou as portas.
Isso faz-me lembrar do que escreveu Humberto de Campos, por ocasião da morte de João Ribeiro: “Cai um jequitibá do Nordeste; qual marmeleiro será plantado em seu lugar?”
E tem também o danado do bairrismo. Mesmo que tenha a emissora, há bastante tempo saído da ligação direta com Itabaiana.
A marca Rádio Liberdade foi ao ar em 7 de setembro de 1953, forçando a Difusora, do Governo, a correr atrás. Pelas mãos de um ceboleiro: Albino Silva.
Albino Silva da Fonseca nasceu em Itabaiana, em 05 de março de 1909 e faleceu em Aracaju, em 19 de junho de 1992, aos 83 anos.
Empresário inovador, acabou sendo pioneiro em vários setores da economia sergipana, fundando as primeiras fábricas de biscoitos e de macarrão; a primeira granja do estado, o gás engarrafado em Sergipe, e água mineral. Foi um dos construtores da respeitabilidade itabaianense no comércio, acompanhando Gentil Barbosa, os irmãos Paes Mendonça e Oviedo Teixeira, entre outros.
O fim da Rádio Liberdade, conquanto que deixe a sensação de ter lutado o bom combate, deixa um gostinho amargo de saudade, e da constatação que eterno, só a eternidade.

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