TRAÇOS DA HISTÓRIA

JOSÉ DE ALMEIDA BISPO, 12 de Agosto , 2022 - Atualizado em 12 de Agosto, 2022

Desde priscas eras o itabaianense é um andarilho de feira em feira, em busca do sustento mediante o serviço comercial, tal qual aqueles primeiros assírios, suas mulas e seus tecidos da Idade do Bronze (3.200-6.000 anos atrás), cananeus (e seu príncipe Khebded, inventores do alfabeto com que escrevo aqui) e especialmente os hebreus, donde vem parte da nossa herança, muito além da religiosa; e os mais celebrados palmiranos e suas cáfilas de camelos a se enriquecerem com o abastecimento ao Império Romano de especiarias da índia China e Ásia Central.

E, para um andarilho estradas são imprescindíveis.

Desde a construção da igreja de Santo Antônio e Almas, em 1675, que a rua principal da cidade de Itabaiana tem sido a que leva ao melhor mercado aos seus mercadores ou feirantes.

Assim foi com a estrada colonial Salvador-Olinda – o Caminho do Sertão do Meio – cujos resquícios são, na direção de Salvador, a Rua Campo do Brito e Rua São Luiz; e na direção de Olinda, o primeiro trecho da Rua Marechal Deodoro (antiga Rua da Pedreira) e Rua Gumersindo Oliveira ou Rua de Maraba.

Assim foi com o Beco, hoje Rua Capitão José Ferreira ou Beco dos Alfaiates, rumo norte, pros sertões do Jeremoabo; mas especialmente para o sul; para a antiga capital, São Cristóvão de Sergipe d’El-rei, depois para a cidade de Itaporanga d’Ajuda, a Rua, de fato Avenida Itaporanga ou a infelizmente jocosa Rua do Fato.

A mudança da capital quebrou a força política da elite do centro-sul do estado; mas principalmente trouxe sérias desvantagens aos feirantes de Itabaiana, com o rápido empobrecimento da ex-capital e a falta de uma ligação à, em princípio hostil Aracaju. Restou ao feirante de Itabaiana um mercado bem menor, surgido pouco antes da mudança da capital: Itaporanga d’Ajuda. Daí porque, apesar da estrada ter sido aberta na fundação de São Cristóvão, porém ficou para as gerações mais recente a ideia de que a estrada é para Itaporanga. Traços dela também são a Rua Alemar Batista (acesso ao Shopping Peixoto) e a entrada para o Le Corbusier, do outro lado da BR-235, em frente ao mesmo Shopping, estrada que leva ao Carrilho.

Pela Avenida Itaporanga passou toda a nossa relação com a ex-capital por mais de 250 anos. Passaram as levas de infelizes índios cariris escravizados dos sertões de Jeremoabo e entorno da Serra Negra, resultantes das entradas de Fernão Carrilho, de logo depois da invasão holandesa. Passaram autoridades ao longo dos séculos; passaram os dois únicos condenados à forca com registro na História: o bandido Mata Escura e o mascate João Gomes, executados na Praça Fausto Cardoso, em 1848 e 1849, respectivamente. Passaram centenas de carros de bois transportando algodão; o algodão que transformou a cidade de Itabaiana.

Ironicamente, em recente foto colhida pelo amigo Luciano Melo da velha via, o destino da mesma que, se mantida a atual trajetória, em linha reta daria em confluência com a Avenida Luiz Magalhães, justo no pórtico da entrada para o Centro da cidade.
Traços de grandeza histórica.


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