A reflexão teológica é marcada por uma busca constante de Deus. As raízes da teologia estão contidas na Sacra Escritura e, precisamente no evangelho que aponta para o valioso pedido deJesus Cristo: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e tudo vos será acrescentado” (Mt. 6,33).

 
Teologia e vida de oração são lados do dom precioso recebido das mãos de Deus, que chamamos de vida. Em linhas gerais, todos nós expomos aspectos da teologia que é a busca de Deus. Por exemplo: Quando partilhamos com alguém uma graça recebida, mostramos a face de Deus que faz maravilhas. Quando chamamos uma pessoa para a Missa, apontamos para o Deus que no Filho Jesus, se entrega no Sacramento da Eucaristia. Há uma teologia do dia-a-dia que perpassa toda ação do coração cristão. 

 
Ao lado da teologia do dia-a-dia, há também aquela leitura teológica dos estudiosos que se debruçam sobre a doutrina da Igreja, dos santos e santas, como se constata na vida e na obra de Santa Teresinha, nossa bela padroeira. A espiritualidade da Santa carmelita deve ser vista como proposta de verdadeira busca de Deus, ou seja, de uma teologia do dia-a-dia, chamada por Santa Teresinha de pequena via, caminho de despojamento e humildade. 

 
Em seus escritos, Santa Teresinha manifesta o desejo de partilhar o tesouro da pequena via, dizendo-nos com muito amor: “Quero ensinar aos outros o caminho da confiança e do total abandono. Quero lhes ensinar os pequenos meios que me serviram tão bem, dizer-lhes que sóhá uma coisa a fazer nesta terra: jogar para Jesus as flores dos pequenos sacrifícios [...], que me importa que seja eu ou outra pessoa que dê esse caminho aos outros; contanto que ele seja apresentado [...]” (CA 21.7.5).

 
A teologia da pequena via vivida por Santa Teresinha é construída sobre a vida e a missão deJesus, que por primeiro trilhou a pequena via no mistério da encarnação, assumindo a nossahumanidade em tudo, exceto no pecado.

 
A pequena via é percorrida por Jesus desde seu nascimento na manjedoura, passando pelo trabalho na carpintaria ao lado de José, até a sua crucificação. A Igreja primitiva sempre contemplou a pequena via de Jesus, que sendo Deus, tornou-se ser humano, sendo Senhor e Rei, tornou-se o servo de todos. 

 
A Carta aos Filipenses assim traduz a pequena via trilhada por Jesus: “Cristo esvaziou-se a si mesmo, e tomou a forma de servo, tornando-se semelhante aos seres humanos. E encontradona figura de ser humano, rebaixou-se a si mesmo fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz” (2, 7-8).

 
A teologia da pequena via é nutrida pelo testamento espiritual de Jesus na última ceia. Lavando os pés dos discípulos, Jesus deseja que abracemos a pequena via, dizendo-nos no evangelho de João: “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Logo, seeu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns dos outros” (13,13-14). Seguir os passos de Jesus é trilhar a pequena via, o caminho da kenosis que é esvaziamento de si mesmo na graça divina. 

 
Sob a oração de Santa Teresinha percorramos tal caminho de despojamento, renovação e conversão constante do coração. A pequena via é caminho do Magnificat, de Maria Santíssimaque canta: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade da sua serva (Lucas 1, 47-48). 

 
A pequena via trilhada por Jesus, por sua Mãe, a Virgem Maria e por Santa Teresinha não é o percurso da arrogância, mas, da humildade; não é o percurso da discórdia e do rancor, mas, da concórdia e do amor; não é o caminho da divisão, mas, de uma progressiva comunhão com Deus e com os irmãos. Com Santa Teresinha, sigamos a pequena via de Jesus e de Maria.

 
Pe. João Claudio é pároco da paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus (Robalo).

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