Um esquema criminoso de venda de emendas parlamentares, que envolve deputados federais e prefeitos, foi desvendado pela Polícia Federal (PF) após denúncia do ex-prefeito de São José de Ribamar (MA), Eudes Sampaio. O caso, que já está no Supremo Tribunal Federal (STF), revela um grupo que exigia contrapartidas financeiras ilegais em troca da liberação de recursos federais.
Eudes Sampaio, que governou o município entre 2017 e 2020, afirmou ter sido vítima de extorsão e ameaças ao se recusar a pagar R$ 1,6 milhão como “contrapartida” por três emendas parlamentares que somavam R$ 6,7 milhões. Ele relatou que familiares foram ameaçados e, por isso, apresentou uma notícia-crime à Justiça Federal do Maranhão. O caso foi encaminhado ao STF por envolver parlamentares.
A PF identificou a participação de três deputados federais no esquema: Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE). Segundo as investigações, Josimar era o líder da organização criminosa, utilizando sua experiência para captar, destinar e desviar recursos de emendas parlamentares. Pastor Gil e Bosco Costa atuavam no núcleo político do grupo, negociando diretamente com prefeitos e lobistas para garantir o desvio de parte das verbas públicas.
Além dos deputados, um agiota e outros integrantes da quadrilha foram presos pela Justiça Federal. Mensagens apreendidas pela PF mostram conversas que detalham o funcionamento do esquema, incluindo listas de parlamentares e valores envolvidos.
As defesas dos deputados negam as acusações. A advogada de Pastor Gil afirmou que aguarda o julgamento da denúncia pela Primeira Turma do STF, confiante na inocência do parlamentar. Já as assessorias de Josimar Maranhãozinho e Bosco Costa não se pronunciaram até o momento.
O STF deve julgar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda neste mês. O caso expõe a fragilidade no controle de recursos públicos e reforça a necessidade de maior transparência na destinação de emendas parlamentares.