A FORMAÇÃO POLÍTICA DO CIDADÃO [I]

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Gutemberg A. D. Guerra; Manuel M. Tourinho; Manoel Moacir C. Macêdo

A política é o campo civilizado para solução de conflitos de gestão de territórios, sejam eles municipais, estaduais, federais ou de estados, nasnegociações pacíficas e democráticas. Nela cabem as contendas e interesses de categorias sociais diferenciadas e para isso são criados dispositivos que permitam o diálogo.

A política em sua essência, é intrínseca ao ser humano. Aristóteles, filósofo grego, escreveu que o homem é por natureza um animal político porque a sociedade resulta do preenchimento das necessidades humanas. Edgar Morin, educadorfrancês, contemporâneo e autor do “pensamento complexo” cunhou o termo “política da civilização”, como a luta pelo controle do poder que fomenta e regula as necessidades humanas, daí a importância da formação política do cidadão, e consciência política cidadã, deixando de ser o “cidadão-piolho”, expressão que significa desenvolver a caminhada política segundo o pensamento de outros, a miragem na coletividade.

A formação do cidadão sobre a política, é fundamental para se posicionar corretamente em sua comunidade. É necessário compreender a importância do coletivo sobre os ganhos do salário ou renda do trabalho, ou ainda do capital que disponha onde vivem e trabalham as criaturas. No caso dos estudantes, é importante à participação nos grêmios e diretórios para estudar, debater, e expressar as suas contradições e vivências. É importante saber se relacionar com os vizinhos, em reuniões do condomínio e na associação de seu quarteirão ou bairro para reivindicar as melhorias no espaço territorial em que vivem. O mais difícil, entretanto, é compreender os papéis no conjunto da sociedade, o tipo de viver que almeja, e os conteúdos adquiridos no engajamento partidário, filiando muma agremiação em que a prática políticafaça parte do cotidiano. 

A formação política, enfim, é um ato de conhecimento, uma aproximação crítica da realidade, e uma ação conscientemente sobre a realidade objetivada, tomada como processo. A consciência como processo significa torná-la resultado do entendimento político dos problemas,como objeto que transcende as formas e performances atuais e chega às origens históricas. No recente debate televisivo entre candidatos ao poder executivo municipal, o que se viu foi a ausência das motivações históricas, econômicas e sociais sobre a problemática da cidade, em sua complexidade sistêmica e diversificada.

Os partidos comunistas e descendentes carregavam em seus fundamentos, até décadas passadas, estratégicas politicas como jornadas ou grupos de estudo para qualificar os seus militantes. Na agenda, constavam análise de conjuntura, debates sobre os clássicos da literatura política que orientava o partido, produção e defesas de teses sobre os movimentos táticos e estratégicos, tanto quanto as obras de seus oponentes, para entender a lógica dialética de contendores e enfrentá-los nas disputas eleitorais ou nas organizações opostas, como sindicatos e associações de moradores no nível micro, preparando-se para os embates no nível macro.

O debate e a dialética advindos do porvir, não assentam em ideias ou cenários inventados, eram e ainda são expressões manifestas nas relações de classe, que apesar das metamorfoses, os elos da subordinação não se quebram, como nas relações atuais na classe dos trabalhadores terceirizados ou precarizados.

Por fim, é nítida a palidez das lutas dos trabalhadores na dimensão de “classe em si e não classe para si”, inclusive nas campanhas eleitorais.

Gutemberg A. D. Guerra; Manoel Moacir C. Macêdo; e Manuel M. Tourinho; são engenheiros agrônomos e pós-graduados em Ciências Sociais.

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