Manoel Moacir Costa Macêdo
As engenheiras agrônomas e os engenheirosagrônomos da Escola de Agronomia da então Universidade Federal da Bahia [EAUFBA], entrantes no vestibular de 1973, estão em festa. Comemoram cinquenta anos de chegada em Cruz das Almas, o campus que alberga o curso de agronomia. As celebrações acontecem de 15 a 17 de novembro corrente. Eles chegam da Bahia, Distrito Federal, Pará, Piauí e Sergipe.
No experimento do ensino universitário dos anos setenta, as disciplinas básicas, isto é, os dois primeiros semestres eram cursados no campus da UFBA em Salvador, capital da Bahia. Efervescente tempo do movimento estudantil contestatório à ditadura militar e da Lei do Boi “que dispunha sobreserva de vagas para agricultores e filhos de agricultores no ensino público federal nos estabelecimentos de ensino agrícola”.
Os festejos anuais alimentam a amizade comexpressivos sentidos. O retorno após meio século, à centenária Escola de Agronomia, criada pelo Imperador D. Pedro II em 1859 como Instituto Baiano de Agricultura, no Engenho das Lages, em São Bento das Lages, município de São Francisco do Conde. Transferida à Cruz das Almas, no histórico recôncavo baiano do massapê e engenhosem 1938, pelo Governador da Bahia, o engenheiro agrônomo Landulfo Alves.
Após, oitenta e seis anos, beirando um século, o Estado da Bahia, é novamente governado por umengenheiro agrônomo formado nessa mesma Escola, o colega Jerônimo Rodrigues. Isso não é pouco e merece celebração e louvor. Cinquentas anos passados, expõem transformações na sociabilidade brasileira e no modo de produção agrícola. O Brasil, mudou de rural para urbano. Uma multidão de brasileiras e brasileiros migrou do campo para a cidade. Para alguns, a “modernização conservadora da agricultura”, lastreada na receita da Revolução Verde.
Geração de engenheiros agrônomos e engenheiras agrônomas, protagonistas dessa revolucionária transformação em variadas arenas. Uns como pesquisadores da cinquentenária EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e coligadas estaduais, outros como agentes de assistência e extensão rural da então EMBRATER – Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural e suas extensões nos Estados. Reverência aos dedicados ao planejamento, crédito e fomento agrícola público e privado.
Destaque para a então vigorosa CEPLAC -Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, com o seu estratégico modelo de pesquisa, ensino e extensão rural, centrado no cultivo do cacau. O cultivo do cacau marcou um ciclona história e economia brasileira. Ele influenciou os valores da sociedade, a exemplo da cultura, letras e arte. Expressivo grupo dessa mesma lavra foram incorporados ao ensino universitário, a exemplo do“professor de matemática”. Não faltaram poesia e música, como a peça teatral representada pelo Grupo Terra, “Massificação, Neurose Aguda e Pivete”, e a canção “Calma” cantada na voz fina e afinada.
Não menos brilhantes, os colegas absolvidos pelo empreendedorismo, dentro e fora da ruralidade,os chamados carinhosamente de “Mecenas”.Relevante registro aos chamados à política, comoprática ética de cuidar das pessoas como vereadores, prefeitos, e deputados, entre outros cargos públicos e privados Brasil afora. Como dito: “uma turma eclética”.
Ao final, Cruz das Almas com a sua urbanidade acolhedora, ofertou conhecimento, amadurecimento, competência profissional, consciência política, e amores para a vida.
Manoel Moacir Costa Macêdo, é engenheiro agrônomo pela Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia [EAUFBA] da Turma de 1973.