No último dia 04.03 Sergipe perdeu uma das suas maiores epítomes no que se refere à seara educacional e lutas em prol da escola pública de qualidade, estamos falando da Professora Marieta Barbosa Oliveira que acabou falecendo aos 60 anos vítima de câncer. Tive a oportunidade de conversar com ela pelas redes sociais no início das minhas pesquisas histórico-sociais e sempre me presenteava com palavras de incentivo e reconhecimento, era uma mulher diferenciada.

Nascida em Aracaju num dia 27 de março do ano 1962, desde a tenra infância apreciava o mundo dos livros e letras. Parecia saber em seu âmago que àquela seria sua missão de vida: aperfeiçoar a educação como eficaz instrumento de liberdade e ascensão social, principalmente para as pessoas mais necessitadas. Seu início profissional se deu quando exerceu função de professora junto à rede pública estadual, donde conheceu de perto as mazelas e desigualdades que afetam esse caudaloso terreno.

Pelo seu sólido desempenho e constelação de ações, ocupou inúmeros cargos na administração pública. Foi Secretária Municipal de Educação em Aracaju entre os meses de dezembro de 1998 à dezembro de 2000. Depois rumou para Estância sendo Secretária educacional entre 2001 a abril de 2002. Por fim ocupou a mesma árdua função, dessa vez em Nossa Senhora do Socorro entre 2017 e 2018.

Dirigiu a Inclusão Social da Secretaria de Estado da Assistência Social entre 2003 a 2006, foi Diretora de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju durante o triênio 2009 a 2012 se destacando pelo seu zelo com os anseios da população. Ademais, foi Superintendente Executiva da Secretaria de Estado da Educação entre 2015 e 2016, e deixava exemplo de ética e honradez quando foi dinâmica Conselheira do Conselho Estadual de Educação, sendo acadêmica fundadora da Academia Sergipana de Educação.

Sabia transitar como poucas por setores adversos sem causar atritos de qualquer ordem. Atuou junto ao Conselho Municipal do FUNDEB da Secretaria Municipal de Educação de Aracaju, como representante do Rotary Clube Aracaju Norte. Sensível ao seu tempo circundante, foi conselheira do Conselho Estadual de Proteção a População LGBTQIA+, sendo ainda assessora do Departamento de Apoio ao Sistema Educacional (Dase) da Seduc. Dentre tantos reconhecimentos públicos, podemos enfatizar o de quando foi agraciada com a mais alta honraria da Educação de Sergipe, concedida pelo Conselho Estadual de Educação por ocasião dos seus notáveis serviços prestados.

Seu altruísmo e amor incondicional pela escola pública é algo que jamais irá ser olvidado. Não tem como falar em aperfeiçoamentos recentes na seara educacional sergipana e não assinalar com enlevo o nome de Marieta Barbosa Oliveira, uma súmula, um símbolo de luta e dedicação tanto na área do ensino quanto do bem-fazer coletivo. De personalidade firme, repleta de primazia, espalhou alegria e imperecíveis ensinamentos por onde passou.

Muitos foram os emocionantes relatos dos que conviveram de perto com ela, ao dizer que era uma mulher sempre pronta para ajudar. Desbravadora, guerreira e prestativa foram alguns dos predicados que mais se sobressaíram nas falas coletadas. Enfim, uma lacuna que não se preenche, mas que se eterniza pelas gerações que hão de beber nessa fonte inesgotável de conhecimento e bons exemplos.

¹ Texto escrito por Igor Salmeron, Sociólogo - Doutor em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS-UFS), servidor do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, faz parte do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP-UFS). Membro vinculado à Academia Literocultural de Sergipe (ALCS) e ao Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras (MAC/ASL).

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