CELEIRO EMPRESARIAL

José de Almeida Bispo, 04 de Março, 2023 - Atualizado em 05 de Março, 2023

Sebrão, o Sobrinho, historiador e exímio garimpador de documentos antigos tinha algumas afirmações que até podem soar pernósticas; megalomaníacas, quando não arrogantes; mas, quando examinadas com a devida exação, e cuidado... não é que o velho inspetor do Departamento Estadual de Educação tinha razão?
Repetia ele que Itabaiana era a Velha Loba, numa associação comparativa com Roma; a grande ideia civilizatória ocidental.
Como Roma, a cidade de Itabaiana foi, desde o início, uma cidade com o pé na estrada. Plantada num entroncamento, depois de frustrada a tentativa popular na hoje Igreja Velha. Está nas imediações da placa de inauguração da reforma da Praça João Pessoa, de 1990 o cruzamento de uma das mais importantes estradas brasileiras dos dois primeiros séculos da História do Brasil: a estrada colonial Salvador-Olinda, com a mais importante de Sergipe no século XVII, a estrada São Cristóvão-Sertões do Jeremoabo.
Itabaiana é, por natureza, comercial.
No Censo de 1940, mesmo sendo a sexta cidade do estado (apesar da terceira população municipal), mas Itabaiana já figurava com o maior número de estabelecimentos comerciais do interior, pouco menos da metade do existente na capital. E assim permaneceu, com pequenas variações.
Nunca é demais lembrar que três das dez maiores redes varejistas do Brasil (duas delas entre as cinco primeiras) na década de 80 se originaram nas feiras do município de Itabaiana.
Desde 2004, quando dependurei a chuteira de dar consultoria em marketing à CDL local que me desliguei da rotina empresarial do município.
Nestes dezoito anos muita água rolou por debaixo da ponte. Fortunas se fizeram e desfizeram; empresários de vários matizes subiram ou desceram; até de amigos falecidos já há um número considerável, incluindo aquele que fundou a sobredita CDL, meu saudoso amigo Josenildo Pereira de Souza.
Mas a fábrica de iniciativa permanece.

Tiago dos Santos Paulo, 30 anos, o autointitulado Rei do Alface começou assim: plantando – comercializando – hortifrutigranjeiros. Mas, na onda do ramo de óticas que ora existe em Itabaiana não hesitou em diversificar e empreendeu em mais uma loja. Como ele, está cheio de empresários do ramo de farmácia, cerâmicos, lotéricos e até do ramo de papelaria que também podem ser médios produtores de milho, de sorgo, afora a tradicional pecuária, de corte e ou leiteira.
Os atores variam: de vinte de idade a sessenta; muita gente que não conheço pessoalmente como o fazia em relação à velha guarda dos meus tempos de CDL.
Hoje não mais funciona a “universidade” da feira; como nos tempos de Oviedo Teixeira, Gentil Barbosa ou dos irmãos Paes Mendonça. Nem mesmo dos vendedores de água de moringa – distribuidores e fornecedores, como José Carlos Machado – ou a turma do carrego de feira – a Lei proíbe o trabalho a menores. Mas, a julgar pela safra de 20 e 30 anos recém chegados, e aqui uma referência e deferência especial às mulheres, hoje dominantes no ramo de beleza e acessórios além do vigoroso setor de serviços... continuamos com o nível de iniciativa lá em cima.
Se depender de iniciativa continuaremos imbatíveis.

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