OS ESQUECIDOS

José de Almeida Bispo, 17 de Março, 2023 - Atualizado em 17 de Março, 2023

 


O primeiro, José Rollemberg Leite, da primeira vez como governador trouxe escolas rurais, estradas de rodagem, poços artesianos e... além de claramente desviar a BR-235 por Itabaiana, trouxe outro brinquedinho que ainda hoje ecoa progresso pessoal e coletivo na cidade: Colégio Estadual Murilo Braga.
Da segunda vez foi mais modesto: “só” trouxe a Estação Rodoviária, a telefonia moderna e asfaltou a ainda hoje majestosa avenida principal. Em prol de Itabaiana fez a ligação asfaltada com Moita Bonita e começou a abertura da rodovia que nos religou à Bahia, pelo sentido do antigo Caminho do Sertão do Meio, até Tobias Barreto. De certo modo ainda propiciou a instalação da primeira emissora de rádio da cidade – segunda no interior. E preparou o segundo benfeitor.
Que me recorde, não há uma arruela na cidade com o nome de José Rollemberg Leite, com essa folha de serviços a Itabaiana, e falecido 24 de outubro de 1996, há 26 anos.
No início da década passada cheguei a sugerir a um influente vereador de Itabaiana a correção de uma estranheza na Avenida principal da cidade – a mesma asfaltada por ele - homenageando o grande itabaianista, exalando cebola por todos os poros (porque nasceu em Riachuelo, ex-Itabaiana; e tetraneto de José Matheus da Graça Leite Sampaio). A dita Avenida, que hoje tem dois nomes, Ivo Carvalho e Luiz Magalhães, cabe um terceiro, segundo as normas da ABNT. Os dois trechos, antes e depois da Praça Lafaiete Noronha estão com a mesma denominação; o que não pode.
Do que veio a seguir, e cria política sua – João Alves Filho – ainda está recente a sua morte, ocorrida em 24 de novembro de 2020; todavia já se votou Lei na Câmara Municipal de Itabaiana, a homenagear defunto ainda quente, no caixão. E, cá entre nós, Itabaiana depois do Negão é outra coisa.
Mas, o caso curioso é o de Sebrão, o Sobrinho. Sebrão, considero eu, dentro da historiografia sergipana empata com a outra titã, Maria Thétis Nunes, cada um no seu quintal, óbvio. E, não de Itabaiana.

Em abril de 1962 Francisco Antônio dos Santos, o Chico Risada, exercendo como prefeito, nivelou a área contigua à Associação dos Universitários de Itabaiana, à época, localização do Hospital Regional. Destinava-se o espaço a uma Praça, reconhecida pela Lei Municipal 236/62 – o penúltimo Código de Postura – como Praça Sebrão Sobrinho. Em mapa do Consema-SE, de 1971, sua quadra aparece isolada, separada do Hospital (atual AIU) pela natimorta Rua Paulo Cordeiro. Sem nunca ter sido oficialmente desapropriado e indenizado, o terreno começou a ser fatiado em lotes em fins dos 80. Desapareceu a Praça e a justa homenagem.
Escapa-me quando, mas entre fins da década de 80 e início da de 90 foi construído um grupo escolar no povoado Mundo Novo, batizado de Professor Sebrão Sobrinho. Foi uma das primeiras escolas rurais a cair por despovoamento local e consequente ausência de alunos. Sebrão desapareceu mais uma vez.
No oba-oba pré-eleitoral (que por aqui é, de fato, o tempo inteiro) de 2003, em 26 de agosto foi aprovada uma Lei, a de número 1076, promovendo a Praça da capela de São Luiz a Praça Sebrão Sobrinho.
Não mais existia a Praça, porque de fato nunca houve; e sim um terreno sobrando da construção da capela, e que em 1999 foi ampliada, e em 2003, construídas as naves laterais, estas engoliram o restante do terno. Sequer placas de Praça São Luiz foram colocadas.

Por fim, o empreendedorismo ideologizado de Edson Passos, fê-lo construir o Villa-Lobos, limites sudeste da Zona de Expansão, marcado e marcante pelo Totem “Eu Amo Itabaiana”, e ali, levou a nomeação das novas ruas e avenidas com nomes influentes da cultura itabaianense; alguns deles sumariamente esquecidos até então, como o maior benfazejo da história da cidade: seu pároco Francisco da Silva Lobo. Lobo chegou em Itabaiana em 1741 e saiu em 1768. Porém, em setembro 1764 inaugurou finalmente uma igreja de verdade, “de cal e pedra e óleo de baleia”, a que ainda hoje está de pé, com algumas “atualizações”. E, segundo Sebrão, foi o criador do coro sacro, origem da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, assim que chegou, em 1741.
Mas a Rua Sebrão Sobrinho já não é a original. Não só mudou de quadra e bloco como foi colocada... digamos, na cozinha do outro bloco. E ainda corre o risco de desaparecer. Mais uma vez. Que Santa Dulce ajude.
Ah, a “Sergipana do Século XX”, Thetis Nunes faleceu 25 de outubro de 2009. Há 12 anos.

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