O ETERNO LUIZ GONZAGA
O eterno Luiz Gonzaga
Como veremos abaixo, muitos personagens consagrados da literatura, cultura e música brasileira já se debruçaram sobre o homem Luiz Gonzaga e sua obra musical imorredoura. Portanto, eu seria apenas mais um, pequeno grão insignificante nessa imensa legião de letrados, que com seus trabalhos imortalizam o legado do Rei do baião.
As citações aqui transcritas fazem parte do livro “Luiz Gonzaga -Discografia do rei do Baião”, cujo autor é Uéliton Mendes da Silva Filho, natural de Caruaru (PE), tendo sigo lançado em lançado em 1977.
É um trabalho sem dúvida importante como fonte histórica e à altura do homenageado. A pesquisa foi chancelada pela Universidade Tiradentes (UNIT), instituição educacional do Estado de Sergipe reconhecida pelo seu apreço aos acervos culturais da nossa terra.
Sergipe é o país do forró, e Gonzaga por aqui passou diversas vezes construindo amizades e contagiando-nos com sua simplicidade e talento. Inquestionavelmente um homem do povo.
“Luiz Gonzaga é uma legitimidade do sertão tradicional. Não imita. Não repete. Não pisa rastro de nome aclamado. É ele mesmo, sozinho, inteiro, solitário. Fui no Sertão. Tenho na memória o timbre das grandes vozes infatigáveis. Vaqueiros, cantadores, romeiros. Poeira heróica das feiras e vaquejadas. Luiz Gonzaga é a paisagem pernambucana, águas, matos, caminhos, silêncio, gente vive e morta. É a fonte cabeceira e nascente de suas criações. Sertão é ele, sanfoneiro do sertão, brasileiro do Brasil”.
(Luiz da Câmara Cascudo)
“Quando Luiz Gonzaga canta, ele mostra que nós somos um só povo. Sua voz fala da mesma esperança, traz a mesma alegria. Num o forró, na praça do interior, no teatro da universidade, nossa gente se revela igual, moço, velho, menino, rico o pobre, letrado ou não, todos se encontram nesse homem”.
(Tereza Souza)
“O fenômeno Luiz Gonzaga no nordeste brasileiro é algo selado por todas as gerações vindouras. Explicar tal fenômeno é abrir a boca e dela não sair sequer uma palavra coerente. O nome e a figura deste homem mistura- se com a terra, com o mato, com as aves e a zoada do chocalho da vaca magra. É o rei de um povo poderoso que não conhece seu poder. Ele é a alta árvore que ninguém sabe o tamanho”
(Luiz Manoel Paes Siqueira)
“Bem que tenha evitado-nem sempre conseguindo, que o copal de uma relativa cultura viesse sofisticar, além das estilizações imperativas, a sonoridade triste da minha lira canhestra e as endechas singelas da minha musa capenga. No baião, revestido e urbanizado que eu e Luiz demos um dia para o Brasil, isso só se tornou possível devido ao policiamento constante que nesse sentido o querido parceiro soube impor às nossas músicas, fazendo valer sempre a sua extraordinária autenticidade. E é justamente aí, nessa pureza e simplicidade, nessa fidelidade às origens, que reside toda a imensa grandeza do rei do Baião Luiz Gonzaga”.
(Humberto Teixeira).
A esses depoimentos, acrescento o registro da única vez em que fui a um show de Luiz Gonzaga. Estava em Salvador, em um ano que me foge da memória, e vi um anúncio da apresentação do mestre em um clube em Piri-Piri. Não pensei duas vezes e parti para lá de ônibus, com alguns colegas de trabalho.
Já cansado no corpo, mas não na voz inconfundível, seu Lua fez o sucesso de sempre, aclamado por todos.
Ao fim do espetáculo, como não havia ônibus nem taxi para voltarmos ao hotel onde estávamos hospedados, chamamos o dono da birosca, e combinamos que ele ficaria aberto até as cinco horas da manhã, horário do primeiro transporte, nos servindo com cerveja e quitutes apimentados.
Valeu a pena. Pegamos o sol com a mão.
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