Gente Sergipana – Fio de Deus. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 18 de Abril, 2024 - Atualizado em 18 de Abril, 2024

Nunca soube o seu nome. Poucos sabem. Viveu assim em Itabaiana, prá lá e prá cá. Sempre sorridente e brincalhão. Hoje, com 76 anos, continua o mesmo.

Fio de Deus é a cara da felicidade. Nunca precisou cumprir o castigo divino, de ganhar o pão com o suor do rosto. Sobreviveu de biscates. Sempre contando vantagens. Com 1.30 de altura, se acha bonito, cheiroso, sabido e sortudo.

Nunca encontrei o Fio de Deus reclamando de nada. Se lamentando. A vida sempre foi um passeio celestial. Nunca invejou a vida dos outros.

Ninguém duvide da idade de Fio de Deus, a foto é uma prova. Ser torcedor do Vasco, comprova a sua velhice. O último menino a começar torcer pelo Vasco, fazem mais de 30 anos.

Ele é filho de Dona Gemelice, a maior doceira do Canto Escuro. Os seus manuês de puba e aipim, eram disputados. Ainda sinto o gosto de cada tirinha. Defino se um bolo presta, pela lembrança gustativa dos seus manuês!

Para os mais novos: os manuês são os pais dos bolos, bem mais saborosos. Possuem uma casca molinha, levemente tostadas, que não sei descrever o sabor. Sei que são deliciosas.

Conheço Fio de Deus desde menino. Nunca soube de nenhuma perversidade e nenhum desvio. Nunca mexeu no alheio, nem arrumou inimigos. Se a seleção para entrar no Céu for justa, ele entra.

Ontem o encontrei na Feira. Dei um abraço, perguntei por Terto, o irmão. Dona Gemelice já faleceu. Ele continua se achando uma lindeza.

Fio de Deus, ostenta uma felicidade deslumbrante.

Antonio Samarone. Médico sanitarista.

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