Pensadores Sergipanos. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 19 de Agosto, 2022 - Atualizado em 19 de Agosto, 2022

 

 

 

A Era de ouro da intelectualidade sergipana foi o final do século dezenove. Desconheço as causas. Vários sergipanos se destacaram nacionalmente.

Se usarmos a Academia Brasileira de Letras como referência, além de Tobias Barreto, Patrono da cadeira 38, e Sílvio Romero fundador, nos primeiros 30 anos, mais cinco sergipanos ocuparam cadeiras na ABL. Foram imortais da Casa de Machado de Assis.

Eu falei sete: os dois citados acima, Tobias e Sílvio; os Freires do Lagarto, (Anibal e Laudelino); os Amados de Itaporanga, (Gilberto e Genolino; e o maior, João Ribeiro, de Laranjeiras. Esqueci alguém?

Hoje, quando surge uma vaga na ABL, alguém lembra de Sergipe?

O sábio pernambucano Gilberto Freire, na abertura do 2º Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste, ocorrido em Aracaju, em 1940, afirmou:

“De Sergipe, o brasileiro de outro Estado, por mais ignorante que seja da geografia, da paisagem, da produção agrícola, da atividade econômica deste pequeno, mas ilustre pedaço do Brasil, saberá sempre dizer, para caracterizar no mapa brasileiro a província sergipana: aqui há inteligência.”

Havia!

Hoje Sergipe possui muitas academias e poucas letras, muitos poetas e pouca poesia e muitos escritores e pouca literatura. A safra não é boa!

Nessa constelação de intelectuais do final do século dezenove predominavam os juristas, talvez influenciados pelo sucesso de Tobias Barreto no Recife.

Porém, houve uma exceção: entre os intelectuais engajados no movimento republicano em Sergipe, os médicos se destacaram. Felisbelo Freire, o médico mais conhecido, foi primeiro governador de Sergipe do período republicano. Thomaz Cruz, também médico, foi o último do Império.

Além Felisbello Freire, outros médicos participaram ativamente da luta republicana em Sergipe: Davino Nomísio de Aquino (Propriá), José Maria Moreira Guimarães (Aracaju), José Hermenegildo Pereira Guimarães, Josino Menezes (farmacêutico), Serafim Vieira de Almeida (Riachuelo), Firmino Rodrigues Vieira (Aracaju) e o homeopata Olintho Rodrigues Dantas (Itabaiana).

O que levou a esse engajamento dos médicos sergipanos no Movimento Republicano? Eu acompanho o pensamento de Luiz Antonio Barreto e Baltazar goes: “o estímulo principal para o envolvimento dos médicos, foi a presença do colega baiano Guedes Cabral em Laranjeiras, clinicando e fazendo agitação republicana.”

Guedes Cabral foi um intelectual consistente, ativista, envolvido com as teses republicanas. Cabral atuou apenas 4 anos em Laranjeiras, morreu cedo, de tuberculose, mas deixou o exemplo.

Falei sobre ele recentemente.

Antonio Samarone (médico sanitarista).

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