Parteiras, Aparadeiras e Doulas... (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 23 de Agosto, 2022 - Atualizado em 23 de Agosto, 2022



 

Eu nasci em casa, pelas mãos de uma parteira.

Hoje, no geral, os partos são hospitalares, feitos pelas mãos dos médicos, com elevada incidência dos partos cirúrgicos (cesáreas).

As parteiras são profissionais registradas no Conselho de Enfermagem. O número é bem pequeno.

No primeiro Governo João Alves (1982/86), a política de saúde pública investiu nas parteiras, com o seu treinamento, obra da Dra. Jaci Meireles e de várias enfermeiras capacitadas.

João Alves mandou construir “Casas de Partos”, nos municípios que não possuíam maternidade. Quase todos.

A obstetrícia é uma especialidade recente, do final do século XIX.
Durante todo o período de Colônia e mesmo durante o século XIX a obstetrícia era praticada pelas parteiras e pelas comadres ou aparadeiras. Os médicos só eram chamados nos casos complicados.

No Brasil, as parteiras francesas não só realizavam os partos, como também sangravam, vacinavam e tratavam das moléstias do útero. A mais célebre e a mais conhecida foi à madame Durocher, Maria Josefina Matilde Durocher, nasceu em Paris em 1808 e faleceu no Rio de Janeiro em 1893. Foi membro titular da Academia Imperial de Medicina. A primeira mulher a merecer tal distinção, foi uma parteira.

Para exercer a profissão, tanto as parteiras estrangeiras como as nacionais, precisavam submeter-se a um exame perante o delegado do Cirurgião Mor, para obter a “carta de examinação”, que deveria ser registrada nos livros das Câmaras Municipais.

Com a criação das Faculdades de Medicina (1832), três cursos passaram a serem ofertados: medicina, parto e farmácia.

Inicialmente a intervenção restringiu-se ao controle na formação e no exercício da atividade de partejar, mas logo em seguida as habilidades inerentes à profissão foram incorporadas como uma fração do corpo médico (a obstetrícia).

As pessoas que já possuíam o diploma de parteira, e mesmo as curiosas, continuaram a exercerem as suas atividades, consentidamente, por boa parte de todo o século XX.

Durante o século XIX não houve a criação de maternidades anexas às faculdades de medicina. Data de 1877 a fundação da primeira maternidade na Capital do Império. A Maternidade Santa Isabel, que teve o Dr. José Rodrigues dos Santos como seu diretor.

Em Sergipe, a maternidade Francino Melo, a primeira, data de 1930, funcionava anexa ao hospital de Cirurgia, a maternidade João Firpo, do hospital Santa Isabel, é de 1957.

A maternidade São José, em Itabaiana, foi inaugurada no início da década de 1960, sob o competente comando das Irmãs de Misericórdia.

*Antonio Samarone (médico sanitarista)*

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