A política está confusa em Sergipe. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 14 de Setembro, 2022 - Atualizado em 14 de Setembro, 2022

 

 

Por que os candidatos da situação (Mitidieri e Rogerio), ainda não decolaram? Por que, até agora, nem a máquina viabilizou o primeiro, nem Lula viabilizou o segundo?

A pergunta mais difícil: por que Valmir de Francisquinho, um “outside”, sozinho, pouco conhecido fora do Agreste, enfrentando dificuldades reais e inventadas pelo Poder, continua bem à frente nas pesquisas eleitorais?

A resposta ainda não existe. Existem pistas...

A sociedade cansou da política, na forma como funciona em Sergipe. Essa rejeição é desorganizada e se manifesta como indignação individual, através das redes sociais.

Em Sergipe, o quadro é agravado pela permanência de um mesmo grupo no Governo a 16 anos. Todos estão no Governo. O poder público voltou-se exclusivamente para beneficiar os ocupantes da máquina, para eles mesmos.

A oposição em Sergipe foi residual, simbólica, sem instrumentos de pressão. A Assembleia Legislativa é um poder decorativo, uma casa do amém. Nada de importante acontece, além de ratearem entre si os recursos públicos.

Se todos estão no Governo, para que pressa? Eles vão empurrando com a barriga. A Pandemia virou uma justificativa para a paralisia do Governo. Calma gente, estamos numa pandemia. Belivaldo descansou, foi beneficiado pela crise sanitária.

A novidade foi o crescimento da militância digital. O único espaço. Só que as redes sociais denunciam escândalos sucessivos, que se esgotam rapidamente, sem maiores consequências. As redes sociais não organizam a luta política.

O que estão de cima, como se dizia, ficaram cegos na fartura. Tudo é muito fácil: rendimentos generosos, acesso livre ao que restou dos serviços públicos. O cidadão comum, sem padrinhos, sofre em busca do básico.

Esse imenso grupo de políticos, no poder a 16 anos, pensou: na hora da eleição a gente distribui migalhas, contrata uma máquina de propaganda, informa que dessa vez será a verdadeira mudança, que vão resolver, e o eleitorado embarca na viagem.

Eles não estão entendendo, por que até agora não deu certo.

Como, se os prefeitos, os deputados, os vereadores, os comissionados, a imprensa marrom, os líderes prestigiados, porque se até nos mesmos estamos do nosso lado, a nossa família, um magote de puxa-saco, mesmo assim, o eleitorado ainda está descontente.

Aí entra Valmir de Francisquinho. O povo acredita que Valmir, além de bom gestor, não faz parte dessa panela e nem vai criar outra panela. É uma forma de vingança do eleitorado.

Se diz até que ele é inelegível, que o voto popular foi cassado. Mesmo assim, o povo tem as suas rebeldias e quer eleger o inelegível.

O que vai acontecer até 02 de outubro? Não sei...

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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