Aracaju, a sultana das águas. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 16 de Novembro, 2022 - Atualizado em 16 de Novembro, 2022

 

 

Aracaju tem uma história marcada pela rebeldia política.

Nas primeiras eleições depois da ditadura do Estado Novo (1945), Luiz Carlos Prestes foi o senador mais votado em Aracaju e o desconhecido Yedo Fiuza (PCB), o mais votado para Presidente da República.

Na década de 1960, Aracaju acordava todo 03 de janeiro com um foguetório. Era o aniversário do Cavaleiro da Esperança.

Aracaju derrotou o PSD dos coronéis em 1954, com Leandro Maciel, elegeu José Conrado de Araújo Prefeito, em 1959.

Aracaju elegeu para o Senado, o médico Gilvan Rocha em 1974, o mineiro Eduardo Dutra em 1994 e o gaúcho Alessandro Vieira em 2018. Aracaju sempre votou livremente e quase sempre de forma rebelde.

Em 1985, Aracaju deu a Jackson Barreto a maior votação do Brasil, para Prefeito. Consagrou Marcelo Déda Prefeito pelo voto, em 2000.

Aracaju elegeu o pão-de-açucarense Edvaldo Nogueira Prefeito, por três vezes.

No segundo turno da ultima eleição, Aracaju voltou a surpreender: Elegeu Lula e derrotou o candidato a governador do PT. Não é fácil explicar a elevada votação de Fábio Mitidieri em Aracaju. Vários políticos apareceram querendo ser o pai da criança.

O senso comum atribuiu a vitória à máquina (estado e prefeitura). Não acredito! O eleitorado de Aracaju já votou várias vezes contra a máquina. Claro, a máquina pesa, mas não é suficiente.

O que sinto é que o envolvimento direto do atual prefeito de Aracaju, na linha de frente da campanha, legitimado pela boa gestão, teve um peso decisivo. Em Aracaju, mesmo os adversários, reconhecem a qualidade da gestão da cidade.

O que falta a Edvaldo de carisma, sobra em competência administrativa. Claro, a atual gestão precisa melhorar, se modernizar, abrir-se a participação da sociedade, colocar as questões ambientais e culturais na ordem das prioridades e redefinir a mobilidade.

O atual modelo de mobilidade vem da primeira gestão de João Alves (1978). São quase 50 anos.

Em Aracaju, a cultura é relevante, tem tradição, não pode ser um apêndice.

Aracaju é cercada por rios poluídos. Ou se enfrenta essa questão, ou a qualidade de vida e o turismo padecem. A praia formosa fede a enxofre, não suporta as toneladas de resíduos “in natura”, ali derramados.

A DESO cobra caro para tratar o esgoto, mas não cumpre com a sua responsabilidade.

Votei no primeiro turno em Valmir e no segundo em Rogério (PT). Entretanto, torço para que a nova geração que está chegando ao poder, nos livre dos traumas das últimas gestões.

Sergipe precisa de gestão de qualidade, para voltar a se desenvolver.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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