Gente Sergipana – Marieta Barbosa.

Por: Antonio Samarone

Antonio Samarone, 22 de Novembro, 2022

O Conselho Estadual de Educação prestou uma justa homenagem à professora Marieta Barbosa. Uma vida dedicada a educação.

Marieta sonhou mudar o mundo. Acreditou que o socialismo era uma utopia possível. Acreditou no fim das desigualdades sociais, da violência e da intolerância, sobretudo, acreditou que a educação era o caminho.

Não usou o talento e o conhecimento para amealhar fortuna. Não fez da educação um rendoso negócio. Empenhou-se em melhorar a escola pública.

Conheci Marieta Barbosa menina, aluna do saudoso Colégio Arquidiocesano, do monsenhor Carvalho. Em plena ditadura, esse colégio de padres era um exemplo de cidadania. Foi lá que abrigaram-se os alunos expulsos pelo governo militar dos colégios públicos, em Aracaju.

O monsenhor Carvalho acolhia a todos, era um educador moderno. Mesmo obediente a uma diocese conservadora, ele zelava pela liberdade no colégio. Foi lá que eu conheci Marieta, como professor de ciências e biologia.

Marieta, ainda menina, já era ativa, personalidade forte, nariz arrebitado e já envolvida num movimento de rebeldia juvenil dentro do colégio. Chegaram a publicar um jornalzinho.

Nasceu ali uma amizade de mais de meio século. Quando comecei namorar Betânia, minha esposa, por coincidência amiga de Marieta, a minha sogra só permitia as saídas, acompanhados de Marieta, que inspirava confiança nos mais velhos.

Marieta casou cedo! Pensamos: perdemos uma guerreira. Nada! Marieta continuou envolvida. Sempre comprometida em defesa dos excluídos. Vi os filhos de Marieta engatinharem (Lucas e Bruno).

Ontem, na solenidade, em seu discurso de alma aberta, ela revisitou a sua longa e profícua vida, recheada de realizações e emoções. Não vou cansá-los com a transcrição. Creio que o discurso tenha sido gravado e, em breve, se tornará público.

Ficamos emocionados com a firmeza de Marieta na solenidade. No momento, ela enfrenta uma tempestade ameaçadora à sua sobrevivência. Mesmo assim, não abriu mão da luta e dos sonhos.

Fronte erguida, diante dos familiares, amigos, admiradores e colegas de trabalho, Marieta teceu um hino à vida, dentro dos limite da condição humana.

Encerou dizendo que se soubesse cantar, a canção escolhida seria a de Violeta Parra: “Gracias a la vida/ Que me ha dado tanto/ Me ha dado la marcha/ De mis pies cansados/ Con ellos anduve/ Ciudades y charcos/ Playas y desiertos/ Montañas y llanos/ Y la casa tuya/ Tu calle y tu patio.”

Uma canção dos tempos da esperança.

Marieta Barbosa é um exemplo de humildade e grandeza. O meu respeito e admiração são eternos.

 

Por: Antonio Samarone (médico sanitarista)

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