Gente Sergipana – Chico Rollemberg (88 anos). Verbete II. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 03 de Janeiro, 2023

 


Francisco Guimarães Rollemberg nasceu em Laranjeiras, a 7 de abril de 1935. Foi aluno da famosa professora Zizinha Guimarães, fez o ginásio no Colégio Tobias Barreto e o científico no Atheneu.

Esse era o caminho dos meninos que queriam estudar naquele tempo. Morou na pensão de dona Júlia, na Rua Divina Pastora, em Aracaju.

Como estudante, Chico participou do movimento secundarista, envolvendo-se na luta pela meia entrada no Adolfo Rollemberg nos cinemas e a meia passagem na lotação.

Chico Rollemberg passou a infância querendo ser padre. A Igreja perdeu um Cardeal. Depois resolveu ser médico.

Em 1954, ingressou na centenária Faculdade de Medicina da Bahia. Tomou gosto pela cirurgia, por influência do professor Fernando Didier.

Em 1960, formado, já casado com a dra. Delcy Viana Rollemberg, retornou a Sergipe para exercer a cirurgia. O acesso da povo pobre a medicina era muito difícil. Chico Rollemberg não pensou em ganhar dinheiro, atendia a todos.

Montou um consultório na Rua São Cristóvão, foi ser médico do Serigy e operava dia e noite, feriado e final de semana nos hospitais do Aracaju. Além da disponibilidade, Chico era um bom cirurgião. Logo ganhou fama e conhecimento.

O seu primeiro paciente particular foi um cabo da Aeronáutica de passagem por Aracaju. Doente particular era uma raridade. Chico Rollemberg foi atender o povo, Era muita gente necessitada, e Chico não fazia cara feia.

Desde estudante na Bahia, ele pensava na política. Nas férias, atendia o povo pobre em Laranjeiras, no Hospital São João de Deus. Com esse grande prestígio depois de formado, foi um caminho aberto.

A vida tem surpresas, o irmão Heráclito Rollemberg, com a sua ajuda, elegeu-se deputado estadual ante de Chico Rollemberg. Ao final do segundo mandato de Heráclito, Chico Rollemberg cria coragem e entrou na política.

Chico Rollemberg já entrou como deputado Federal pela Arena, sendo o mais votado de Sergipe. Um fenômeno eleitoral. Chico Rollemberg sempre foi um conservador. Elegeu-se por quatro mandatos de Deputado Federal e um de senador.

No Parlamento, Chico Rollemberg publicou um perfil de Fausto Cardoso com mil e trezentas páginas. Chico escreveu a introdução, com 110 páginas muito bem escritas, uma referência para os estudiosos da história de Sergipe.

“Fausto Cardoso, num gesto incontido de arrebatamento, ele que tanto quis evitar a revolução, decide morrer por ela e exclama: Ninguém é obrigado, mas quem quiser morrer, siga-me. Todos tentam demovê-lo. Gumercindo Bessa, entre outros, agarra-se a ele. Não conseguem detê-lo. Soltando-se das mãos dos amigos, Fausto dirige-se a Palácio. Passa pelo General, passa pelos soldados já estabelecidos na praça, corre – voa...”

A medicina foi a sua grande força política. Depois a política foi mercantilizada e os mandatos precisam ser comprados, com dinheiro vivo.

Chico Rollemberg é um homem culto, afável, de boa conversa, profundo conhecedor da vida e da cultura sergipana. Membro titular da Academia Sergipana de Letras.

Chico é dos últimos médicos com formação humanista, letrado, conhecedor das artes, dos tempos em que ser médico era uma distinção reconhecida pela sociedade. A atual medicina de mercado produz médicos com outro perfil. Especialistas em detalhes!

Em sua maioria, os médicos continuam conservadores, professam credos políticos de extrema direita, militam nas redes sociais e defendem as suas ideias. Quando observo o perfil, a cultura, a profundidade política de Chico Rollemberg, também de direita, constato que a medicina de mercado atual, não está sendo culturalmente generosa com os colegas médicos.

Vida longa ao Dr. Francisco Rollemberg.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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