O Consulado em festa. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 05 de Março, 2023


 

“Si necis latinam língua/ Dicamus em lusitana/ - Sim, senhor, eu sou burro/ Escória de Itabaiana!” Polêmica de Tobias Barreto com o padre Benvindo (1858).

Faz tempo que uma geração de Itabaianenses, com mais de 60 anos, reúne-se semanalmente aqui em Aracaju para reviver o passado, revisitar personagens e recriar as histórias comuns.

Tudo na informalidade. Uma confraria sem pauta, sem interesses, sem líderes. Uma experiência coletiva, como antigamente. Uma geração inteligente e culta (ao seu modo).

O Consulado sobreviveu à Peste e à Guerra (política). Dos males da humanidade, só faltou a fome. Balançou, mas não caiu, não acabou.

Só a memória e a arte esticam o tempo!

O consulado é um laboratório de higiene mental. A medicina aconselha que qualquer atividade que exercite o cérebro, é uma forma de retardar e prevenir as demências. Espero que a ciência esteja certa.

Ontem foi um deleite. Recebemos a visita de Paulinho de Doci e família, há muito radicados em Salvador. Paulinho fez fotografias e cinema, na velha Itabaiana. Um homem culto e sem arrogância.

Paulinho é irmão de Tonho de Doci, um intelectual que refundou a Associação Olímpica, dando-lhe as cores da revolução francesa. Liderou o comunismo provinciano e, ia esquecendo, foi o primeiro jogador a trocar passes no futebol local.

Ontem na festa do Consulado, além dos de sempre (os médicos Guilhermino e Marcondes, Nandinho de Sizino e esposa, o artilheiro Horácio, Baldochi, Eduardinho de Raimundo, Dayse, Pedro Biana, Rivas e Zé Augusto Melo), apareceram: Mesquita, filho de Zé Silveira; Catatau, irmão de Tapioca; Carlinhos Siqueira, cunhado de Djalma Lobo e Carlinhos boca de piau.

Eu fui nomeado o escrivão da frota, para fazer essa ata.

Antes, as gerações eram longas. A velocidade das mudanças era menor. Esta turma que frequenta o Consulado, viveu um mesmo mundo, culturalmente falando. Enxergam a vida pela mesma janela. Vivenciaram as mesmas crenças e o mesmo modo de vida.

Uma geração bem-humorada, irônica, impiedosa e sem muitas ilusões. Uma geração que não precisou da inteligência artificial e nem precisa consultar o Google para saber das coisas.

Os espaço é aberto para os que se sentem dessa turma.

Antonio Samarone. (médico sanitarista)

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