A água corre para o mar. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 25 de Abril, 2023



 

O hino do Itabaiana é considerado o segundo mais bonito do Nordeste, só perdendo para o hino do Bahia. Faz sentido, a letra é de Alberto Carvalho, a música de Nelson Ferreira e a interpretação de Claudionor Germano. Vejam aí no Google, quem são essas feras.

Ganhamos um título improvável, enfrentando equipes com grandes investimentos, para o padrão do campeonato sergipano. Os mais apressados disparam: foi sorte!

Não conhecem os caprichos dos deuses do futebol.

O título de 2023, repete a lógica do primeiro, em 1969. Naquele ano, Itabaiana vivia de cabeça baixa, sem autoestima, sem perspectivas, os dois líderes políticos tinham se matado. Literalmente.

Itabaiana ganhou injustamente a fama de ser uma cidade violenta e com uma economia subterrânea. Não aceitavam o talento, a vocação comercial e a disposição para o trabalho dos ceboleiros.

Em 1969, fomos salvos pelo futebol. O título do Itabaiana daquele ano, elevou a autoestima e uniu o povo. Surgiu uma bandeira comum a todos. Quem não conhece a história pensa que é exagero. Voltamos a ser a Itabaiana Grande.

Meninos, eu vi!

Naquele tempo, a cidade se uniu pelo futebol. O velho Etelvino Mendonça, no Beco Novo, recebeu gambiarras, e passamos a treinar a noite. Iniciaram a preparação física. Criaram um juvenil, onde eu joguei. Tudo obra de Dr. Pedro (quem se lembra da sua risada?), de Zé Queiroz, Mozart, Zé Gentil, Resende, Pedro Gois, Alemãozinho, e outros que eu esqueci.

Horácio de Carira foi o nosso primeiro ídolo.

Agora, em 2023, passamos por nova transição. Itabaiana chegou aos cem mil habitantes. Quem conhece demografia sabe o que isso significa. É um novo patamar. Um novo salto. Novamente o futebol aponta as saídas.

Galego, o presidente do time, captou inconscientemente o momento histórico e disse em entrevista: “o nosso objetivo agora é subir, disputar os campeonatos nacionais.”

Entenderam?

Itabaiana rompeu as fronteiras e a sua economia quer se expandir. O povo de Sergipe acompanha de longe, mas já captou o sentimento.

As condições estão dadas, a espera de decisões políticas acertadas.

Antonio Samarone. (médico sanitarista)

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