A água corre para o mar. (por Antonio Samarone)
O hino do Itabaiana é considerado o segundo mais bonito do Nordeste, só perdendo para o hino do Bahia. Faz sentido, a letra é de Alberto Carvalho, a música de Nelson Ferreira e a interpretação de Claudionor Germano. Vejam aí no Google, quem são essas feras.
Ganhamos um título improvável, enfrentando equipes com grandes investimentos, para o padrão do campeonato sergipano. Os mais apressados disparam: foi sorte!
Não conhecem os caprichos dos deuses do futebol.
O título de 2023, repete a lógica do primeiro, em 1969. Naquele ano, Itabaiana vivia de cabeça baixa, sem autoestima, sem perspectivas, os dois líderes políticos tinham se matado. Literalmente.
Itabaiana ganhou injustamente a fama de ser uma cidade violenta e com uma economia subterrânea. Não aceitavam o talento, a vocação comercial e a disposição para o trabalho dos ceboleiros.
Em 1969, fomos salvos pelo futebol. O título do Itabaiana daquele ano, elevou a autoestima e uniu o povo. Surgiu uma bandeira comum a todos. Quem não conhece a história pensa que é exagero. Voltamos a ser a Itabaiana Grande.
Meninos, eu vi!
Naquele tempo, a cidade se uniu pelo futebol. O velho Etelvino Mendonça, no Beco Novo, recebeu gambiarras, e passamos a treinar a noite. Iniciaram a preparação física. Criaram um juvenil, onde eu joguei. Tudo obra de Dr. Pedro (quem se lembra da sua risada?), de Zé Queiroz, Mozart, Zé Gentil, Resende, Pedro Gois, Alemãozinho, e outros que eu esqueci.
Horácio de Carira foi o nosso primeiro ídolo.
Agora, em 2023, passamos por nova transição. Itabaiana chegou aos cem mil habitantes. Quem conhece demografia sabe o que isso significa. É um novo patamar. Um novo salto. Novamente o futebol aponta as saídas.
Galego, o presidente do time, captou inconscientemente o momento histórico e disse em entrevista: “o nosso objetivo agora é subir, disputar os campeonatos nacionais.”
Entenderam?
Itabaiana rompeu as fronteiras e a sua economia quer se expandir. O povo de Sergipe acompanha de longe, mas já captou o sentimento.
As condições estão dadas, a espera de decisões políticas acertadas.
Antonio Samarone. (médico sanitarista)
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