DR. OSÓRIO DE ARAÚJO RAMOS por Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 15 de Março, 2024 - Atualizado em 18 de Março, 2024

 


A passagem humana na Terra para os crentes na pós-materialidade,
segue um roteiro divino livre de dogmas e determinismos. As reencarnações
sucessivas aperfeiçoam a existência, numa combinação inseparável entre corpo
e espírito, mediado por uma membrana onde grudam as ações e pensares da
vivência terrena. Habita a Terra oito milhões de reencarnados, e aguardam as
reencarnações advindos de outras moradas no cosmo, aproximados vinte e
cinco bilhões de espíritos. Contabilidade que ultrapassa a ciência positivista, em
limitados sentidos sensoriais.


Na perspectiva desse paradigma em construção, alguns cumprem
missões de provas e expiações, em face do egoísmo, orgulho e consumismo,
outros alcançam quefazeres luminares da solidariedade, caridade,
aperfeiçoamento moral, servir ao outro e desprendimento material. Uns são
trabalhadores em resgate, outros, seres angelicais que seguem a rota mais curta
para alcançar o que se chama de felicidade.


Nas devidas proporções e métricas no tempo e espaço, o Dr. Osório,
sergipano de Aracaju, nascido em 1918, situa-se na geografia da reencarnação,
como um ser diferenciado na escala evolutiva. Não o conheci pessoalmente e
nem partilhei relacionamentos, somos de reencarnações distintas. Adentrei em
sua história pelos livros, depoimentos e feitos. Não mereceu uma longa vida
terrena, apenas sessenta e oito anos, o suficiente para cumprir os seus deveres,
no caminho da eternidade. Um sopro para os que acreditam na “vida após a
vida”. A sua pequena estatura “decorrida da hipercifose, doença adquirida na
infância, quando menino, nas travessuras de criança”, realçou o gigantismo do
seu espirito nas labutas memoráveis que lhe foram confiadas. Primeiro, como
contador, guardião do “Tesouro do Estado de Sergipe”, e adiante como,
humanista, professor, advogado, juiz de direito e desembargador -, a completude
da carreira jurídica.


Entre as tarefas profissionais que a vida lhe desafiou, o Dr. Osório,
desempenhou um rol de nobres misteres. Professor de francês, português e
matemática, domínio fluente desse idioma estrangeiro e competências em
distintas disciplinas da ciência formal. Diretor do Colégio Comercial Laudelino
Freire em Lagarto, “escola de orientação cenecista, à época Campanha Nacional
de Educandários Gratuitos”, oportunidade para os nascidos em berços
modestos, serem educados. Dizia que o “conhecimento é cumulativo” -
, uma habilidade indestrutível. Destacado membro da OAB – Ordem dos Advogados
de Sergipe, em funções diversas, a exemplo de Presidente, e representante no Conselho Federal. Incansável no servir, foi ainda membro da fraterna Ordem
Maçônica.


Merece destaque e júbilo entre todas as pelejas, a mais corajosa foi servir
à causa política, como militante e dirigente do PCB – Partido Comunista
Brasileiro. Organização ideológica marxista, que privilegiava uma estrutura
estatal vinculada às “necessidades e possibilidades” de mulheres e homens.
Entre os sentidos do seu manifesto, rezava a utopia de uma sociedade justa e
igualitária. Opção política que exigia firmes convicções ideológicas e resistência
aos preconceitos, sacrifícios e perseguições -, registro à causa coletiva. Versão cristã de “amar ao próximo com a si mesmo”. Dr. Osório, com o seu pequeno
porte físico, desempenhou como gigante encargos nas várias dimensões da
sociedade. Foi reconhecido pelos seus pares, conterrâneos, amigos e familiares.
Escreveu o engenheiro agrônomo José Lavres: “um homem exemplar de senso
ético, humano e justo nas relações com as pessoas. Era muito generoso,
principalmente com os mais humildades”.
Contadoria, política, docência, advocacia, magistratura e filantropia,
renderam louvores e bem dizeres, sem vinculações materiais e pecuniárias, mas,
o compromisso com a transformação e justiça social. Em depoimento, escreveu
a professora Ádria Lavres: o Dr. Osório, sofreu dores e ranger de dentes, “por
acreditar em uma sociedade mais justa, igualitária, democrática e cidadã, foi
preso político na ditadura de Getúlio Vargas por nove meses, dois dos quais
incomunicável, sem a sua família saber o seu destino, se vivo ou morto”.

Os despostas não apreenderam que ideias e utopias não se encarceram,
elas se reproduzem e multiplicam pelos milagres dos deuses. Elas nunca
morrem.


Aos que desejam conhecer o legado do Dr. Osório, leiam a recente obra:
“Direito como ofício, vida como causa: Dr. Osório de Araújo Ramos. Aracaju:
Criação Editora, 2024”, dos autores Sayonara Rodrigues Viana e Claudefranklin
Monteiro.

 


Manoel Moacir Costa Macêdo, é engenheiro agrônomo e advogado.

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