COLHEITAS FARTAS E INCERTEZAS TAMBÉM [I] por Pedro Abel Vieira e Manoel Moacir Costa Macêdo
Foto: ilustrativa
Nas últimas décadas, a agricultura brasileira tem sido responsável pelo aumento do Produto Interno Brasileiro – PIB. Crescimento expresso emindicadores lineares. Na trajetória esperada pela teoria econômica clássica, a produção agrícola concentrou ou seus ganhos em seletivos grãos e carnes. As commodities soja, milho, algodão e carnes concentraram a grandeza da colheita da agropecuária nacional. Realidade marcada pelo amparo do Estado com políticas de pesquisa, assistência técnica, crédito e subsídios à exportação.
A fruticultura tropical, com dificuldades, prospecta algum destaque, mas com limitações, advinda em maior monta do perímetro irrigado do Vale de São Francisco, com externalidades ambientais, a exemplo de secas e estiagens. Outros produtos, com o leite, estão longe de louvores. A agricultura familiar, mantém a sua estratégia de produção de alimentos ao consumo interno, maximizando os cuidados ambientais, o uso da terra e do trabalho.
Após anos de demanda global aquecida, seja pela procura asiática, seja pela pandemia, os preços agrícolas internacionais dos grãos retomam ànormalidade. Estimativas mostram que o aquecimento do passado, não retornará no curtoprazo. As razões são diversas, e algumas merecem atenção. As safras de soja e milho nos Estado Unidos, sugerem a recomposição dos estoques em baixa. O aumento na produção de grãos na Argentina deve compensar a redução da safrabrasileira. Apesar das contingências da guerra entre Rússia e Ucrânia, o comercio de grãos no mar Negro continua inalterado, por esses expressivos exportadores agrícolas no mercado global.
Os sinais emitidos para o futuro, são de arrefecimento na demanda global. No plano interno, o cenário, não é de estabilidade, mas de ameaças. Chuvas e estiagens prometem reduzir a colheita brasileira. De uma lado, pelos efeitos climáticos extremos do El Nino na produção agrícola brasileira. Do outro, como demonstra o World Weather Attribution, a seca histórica ocorrida na Amazônia em 2023 não é consequência apenas do El Nino, mas, da conjugação dos seus efeitos com o aquecimento do Oceano Atlântico, decorrente do aquecimento global, a exemplo do derretimento das calotas polares. Uma face visível das mudanças climáticas.
Estão postas, as possíveis incertezas àrepetição de lucros extraordinários da produção agrícola brasileira. O tempo de bonança está sob prova. Cenários de oportunidade nos investimentos alocados na produção e de ameaças nos investimentos no consumo conspícuo. Evidências não faltam.
Os estados mais ricos no Brasil, osespecializados na produção de commoditiesagrícolas, tiveram ganhos de renda nos últimos anos. No topo, o estado do Mato Grosso do Sul, onde a renda dos mais ricos aumentou 130% acima da inflação entre 2017 a 2022. O consumo dos super-ricos atraiu empreendimentos e serviços nomercado de luxo. Condomínios residenciais com estrutura de lazer, apartamentos valiosos e um boom de demanda na aviação executiva, são alguns exemplos.
O esperado é que os ganhos sejam repetidos nos anos seguintes, pari passu os cuidados ambientais e a distribuição de riqueza
Pedro Abel Vieira e Manoel Moacir Costa Macêdo, são engenheiros agrônomos.
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