SALVE O ENGENHEIRO AGRÔNOMO por Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 14 de Outubro, 2022 - Atualizado em 14 de Outubro, 2022

 


Algumas profissões independem de sua representatividade coorporativa, para serem louvadas. A relevância social e econômica, nem sempre estão presentes no cotidiano da sociedade. O engenheiro agrônomo é uma delas. Predomina no imaginário popular como uma profissão identificada no tradicional dilema entre o “rural atrasado e o urbano moderno”. Isso é coisa do passado. Premissa falsa. No presente, a produção agropecuária é movida pela inovação.


A produção agropecuária depende em parte do engenheiro agrônomo para a sua efetividade. Ambos se completam. Profissional habilitado para cuidar da agropecuária e da produção de alimentos. A comida é o bem mais valioso da vida. A fome é uma desgraça inaceitável. Um nojo repugnante.


Profissão regulamentada pelo “Decreto No 23.196, de 12 de outubro de 1933” e comemorada nacionalmente nesse data. Rezava o decreto, ser o engenheiro agrônomo um profissional capaz de “realizar análises científicas, identificar e resolver problemas, operar, modificar e criar sistemas agropecuários e agroindustriais”. Nessa época, o Brasil era um país rural, os latifúndios improdutivos, a terra uma reserva de valor, os monocultivos e a pecuária extensiva. A atualidade é diferente. O rural e o urbano se encontram no “rurbano”, nas commodities e na pluriatividade agrícola.


A mudança social na trajetória da produção ao consumo, demandam adaptações no seu currículo acadêmico. Evidências não faltam. O desmembramento em outras profissões no ambiente da agropecuária é uma delas, como a zootecnia, a engenharia agrícola, de alimentos e florestal e a ecologia, entre outras.


O engenheiro agrônomo em sua histórica formação generalista, acolheu múltiplas especialidades, indispensáveis à produção agropecuária “como o todo”. A atualidade demanda outras competências, adiante do romantismo de sua regulamentação. Os desafios postos à agropecuária, são similares ao seu mais íntimo profissional. Uns ainda por serem atendidos pelas universidades, centros de investigação e pelo contexto corporativo, outros pelas demandas do complexo processo produtivo que ultrapassa a propriedade rural, para acolher a distribuição, o processamento, os ecossistemas, a biodiversidade, a distribuição

sustentável e o consumo consciente dos produtos agrícolas em perspectiva local e global.
Nem todos os desafios postos ao engenheiro agrônomo são visíveis aos olhos dos comuns, a exemplo do persistente dilema do rural como atrasado, da santidade da moderna produção agropecuária, do desprezo à pequena agricultura, da emergente agricultura orgânica, da biodiversidade rural e da proteção à natureza. Numa escala qualitativa de valores são indicadores relevantes no processo produtivo, em sua perspectiva histórica, social e política.


Os desafios postos à produção agropecuária brasileira estão vinculados ao engenheiro agrônomo. Não são diagnósticos, mas a práxis. Não são futurismos, mas realidades. Não são prospecções, mas atualidades. Não são cenários separados por cercas entre o rural e o urbano, mas evidências. A agricultura tropical brasileira em sua diversidade, está lastreada no conhecimento e saberes. Cadeias agrícolas de valor, pluriatividade local e commodities globais. Produzir com sustentabilidade, baixo carbono e proteção dos biomas. Saúde animal e vegetal, normas sanitárias rígidas da propriedade rural ao consumidor e rastreabilidade das lavouras e criações.


Parabéns ao engenheiro agrônomo, profissional habilitado para operar no setor dinâmico da economia e da vida. Adaptações à realidade virtual, a geopolítica mundial, a desigualdade social e as incertezas do mercado global são urgentes requerimentos. O “metaverso” e os mundos virtuais não são ficções, mas plataformas que operam em realidades físicas ampliadas. Ao final, uma alerta: engenheiros agrônomos estejam vigilantes para vencer, para não perecer.


Manoel Moacir Costa Macêdo é engenheiro agrônomo

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