FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL por Manoel Moacir Macêdo

Manoel Moacir, 20 de Janeiro, 2023 - Atualizado em 22 de Março, 2024

 

Na fria Suíça, em Davos, pequeno lugarejo gelado com onze mil habitantes, encrustado nos alpes com montanhas de neve, luxuosos resorts e chefes de cozinha premiados, local para esquiar dos ricos do mundo, aconteceu o encontro anual da economia global.

No período de 16 a 20 de janeiro corrente, esse inusitado lugar sediou o “Fórum Econômico Mundial”. O lema foi sugestivo e desafiador: "Cooperação em um mundo fragmentado". O evento reuniu cerca de 2.500 chefes de estado, de governo, dirigentes de empresas, representantes da sociedade civil, meios de comunicação globais e líderes juvenis procedentes da África, Ásia, Europa, Oriente Médio, América Latina e América do Norte. O objetivo foi “reconstruir a confiança e moldar os princípios, as políticas e as parcerias necessárias para enfrentar os desafios de 2023”.

 Na globalização, o fundamental é a riqueza de seus membros. Não foi diferente nesse fórum mundial. Representantes do ambiente público e privado da Europa, Estados Unidos, Canadá, China e Japão, entre outros sujeitos ricos do mundo apresentaram os seus modos de produzir, consumir e acumular, numa arena de coadjuvantes pobres, os tropicais, a exemplo do Brasil, africanos, latinos, asiáticos e orientais desiguais na economia internacional do trabalho. 

Nas imagens transmitidas em tempo real, fazem crer que o Brasil carregou algum destaque, vez que, à participação brasileira no mercado mundial está centrada em commodities com sofríveis valores agregados. A inovação está privatizada nos país ricos e desenvolvidos. A gente bonita, engravatada, capas e botas de grifes famosas, não compõem a identidade do povo brasileiro. Aos olhos do mundo, predominam os alvos e sorridentes representantes da economia global, como os bancos e corporações multinacionais, o sentido de globalização. 

Acumulam nos anais e retóricas do evento, as demandas dos pobres e deserdados do capitalismo. Um cenário aparentemente circense, onde os destacados globais, são os da OCDE -  Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, com sede em Paris, França, composta por trinta e oito países das economias mais avançadas do mundo, e dos setes mais ricos do planeta. Na atualidade fragmentada, um chamado tem sido feito ao Brasil e específicos países latinos e africanos com os seus desconhecidos blocos, em face da problemática ambiental. As ameaças da sobrevivência da humanidade e a destruição da natureza, não são futurologias, mas acontecimentos presentes. 

A “fragmentação do mundo”, alcança a totalidade das Nações e exige decisões conjuntas. Recessão, inflação e juros altas são realidades. O Brasil, possuidor da floresta Amazônica, energia limpa e mercado potencial de consumo, pode ser transportado de coadjuvante para sujeito. Economia e meio ambiente não são opositores, mas sinergéticos.  A pauta ambiental saiu da agenda de ambientalistas, ecologistas, intelectuais e governos responsáveis, para incluir o mercado global. A ESG, sigla em inglês de meio ambiente, sociabilidade e governança, é referência dos ativos no mercado de capitais dos agentes financeiros da globalização. 

Até então os fóruns mundiais, tem sido instrumentos da globalização. Eles arregimentam a riqueza e acumulação dos ricos e para os ricos. Faz tempo que carece no seu título o “social”. Os “fatos se revoltam contra os códigos” e haverá de caber num único fórum mundial, o econômico, o social e o ambiental. Quem sabe, que o seu Encontro seja no “Raso da Catarina” na Bahia, Nordeste brasileiro, na aridez e sol escaldante. Tanto a neve quanto a caatinga são dádivas vivas da natureza e merecem o respeito e o cuidado do mundo.

Manoel Moacir Costa Macêdo, é engenheiro agrônomo e advogado.

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