AGRICULTURA CONECTADA: O CASO DO SEALBA por Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 27 de Janeiro, 2023 - Atualizado em 27 de Janeiro, 2023

 


Ainda predomina na sociedade o dilema entre o rural como atrasado e o urbano como moderno. Uma ilusão da lenda do Jeca Tatu e de um passado, onde85% da população brasileira era rural e apenas 15% urbana. A realidade atual é inversa, em face de uma impar migração do campo para cidade. No final da década de sessenta, em torno de vinte milhões de brasileiros migraram da zona rural para a urbana.Migração sem precedentes em condições de aparente paz com as suas consequentesexternalidades.

Faz tempo que a produção da agricultura brasileira tem sido lastreada em inovações tecnológicas.  O fator de produção responsável por essa pujante agricultura, não são os ganhos de produção oriundos do uso da ‘terra’, responsável apenas por 10%, mas da ‘tecnologia’, que explica 70% do crescimento da agropecuária brasileira. Uma agricultura baseada em ciência. Inovações que combinam biologia, engenharia genética, comunicação, informação e automação, entre outras. Nos últimos vinte e cinco anos a agricultura brasileira cresceu extraordinariamente, direcionadapara o mercado exportador de commodities.

A safra brasileira em 2023, ultrapassará trezentos milhões de toneladas de grãos, basicamente soja e milho. Mais uma safra recorde. Outros acréscimos são registrados na produção de algodão, banana, batata-inglesa, mandioca, sorgo e trigo, entre outros. Uma enorme contradição entre a farta produção de comida e fome dos brasileiros.  Evidências de que a insegurança alimentar advém da incapacidade de renda dos brasileiros pobres em comprar comida, numa contingência de abundante oferta de alimento.

No Estado de Sergipe, a Embrapa Tabuleiros Costeiros tem contribuindo por mais de quatro décadas para o crescimento da agriculturasergipana, a exemplo das pesquisas com a cultura do milho, coco, mandioca, feijão, girassol, caprinos, ovinos e bovinos. Recentemente essa Unidade de Pesquisa, foi agraciada com a medalha de incentivoà ciência e tecnologia “Professor Antônio Tavares de Bragança”, instituída pelo Governo de Sergipe e outorgada pelo Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe - ITPS. A honraria é destinada as pessoas, instituições e empresas que se destacaram pela atuação em prol do fortalecimento da ciência, tecnologia e inovação no Estado de Sergipe. 

Outra contribuição relevante da EMBRAPA ao estado de Sergipe nessa mesma quadra, foi a elaboração em suas bancadas de pesquisa, doterritório produtivo do SEALBA, desenvolvido pela equipe de investigadores sob a liderança do pesquisador Sérgio Procópio. O SEALBA é formado por 171 municípios, sendo 69 localizados em Sergipe, 74 em Alagoas e 28 no nordeste da Bahia, numa área total de 5.148.941 hectares. O principal critério para delimitar o SEALBA foi a ocorrência histórica de chuvas em volumes iguais ou superiores a 450 mm, de abril a setembro. Precipitação pluvial suficiente para o cultivo de sequeiro de grãos. Oportunidade de produção de grãos numaespecífica geografia dos referidos Estados. O setor produtivo sergipano, incorporou o SEALBA em seu planejamento agrícola e promove em boa hora asegunda edição do “SEALBA SHOW”, esse ano com mais vigor e participação que o primeiro. Êxitos comprovados do SEALBA também nos estados de Alagoas e Bahia. Uma estratégia vitoriosa de transferência de tecnologia da pesquisa ao produtor rural.

Parabéns aos dedicados pesquisadores e profissionais em seus labores nas estruturaspúblicas e privadas de pesquisa, assistência técnica, crédito, fomento e no setor produtivo, em particular aos diligentes engenheiros agrônomos, que contribuem com o sucesso da agricultura brasileira, nordestina e sergipana.

Manoel Moacir Costa Macêdo, é engenheiro agrônomo

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