HIDROGÊNIO VERDE por Pedro Abel Vieira e Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 17 de Fevereiro, 2023 - Atualizado em 17 de Fevereiro, 2023

 


O modelo de produzir e consumir na humanidade está em crise. O suporte da Terra perante as externalidades está no limite da sobrevivência humana. A mudança climática está na agenda das políticas públicas das nações e do mercado globalizado. Os efeitos ameaçadores do aquecimento global atinge a humanidade e exige decisões urgentes e conjuntas.

​A economia mundial está sendo redefinida em novas bases. O clima e as suas derivações na vida das criaturas assumiu protagonismo no mercado financeiro. Não é mais um tema dos ambientalistas e intelectuais, mas dos bancos, corretoras e organizações financeiras. O ESG, sigla em inglês de meio ambiente, sociabilidade e governança está nas equações dos ativos financeiros. A agenda da “economia verde” predominou no Fórum Econômico Mundial de Davos em 2023.

Nessa perspectiva, o Brasil passou de coadjuvante para sujeito no contexto do economia internacional do trabalho, pelos ativos verdes, a exemplo da floresta amazônica, da biodiversidade e da matriz energética limpa. Não é mais um país dofuturo, mas um presente lastreado na ecologia e naenergia renovável. Uma transformação nos fundamentos do investimento essencialmente focadono lucro rentista.

Urge direcionar a produção de alimentos e de energia a partir do carbono da atmosfera, como um dos meios de controlar as adversidades climáticas, além de criar empregos e renda. Estudos recentesmostram que o Brasil emprega 1,2 milhão de brasileiros oriundos das energias renováveis. O esperado é um maior montante com os novos investimentos numa agricultura sustentável, a exemplo da chamada ILPF – integração agricultura, lavoura, pecuária e floresta em uma mesma área. Adicionalmente, essas atividades estimulam a indústria, o comercio e os serviços, permitindo limpar a atmosfera, produzir alimentos, criar empregos e gerar renda de forma sustentável. Importante registrar que a tecnologia da ILPF, pode sequestrar até oito toneladas de carbono por ano. Enquanto as pastagens degradadas, compromisso de recuperá-las assumidos pelo Brasil na COP-15, são oportunidades para o país expandir a sua produção agrícola mitigando os seus impactos negativos perante o meio ambiente.

Nessa direção, o Brasil tem condições objetivas de ser uma liderança planetária na geração de energia com hidrogênio verde. A transformação do gás hidrogênio em combustível demanda grande quantidade de energia que pode advir de diferentes fontes renováveis, a exemplo da energia eólica, sem a emissão de carbono. O processo de produção desse combustível, não causa danos ao meio ambiente e fortalece a segurança energética, em situações de crises políticas numa globalização em ruínas.

Ao final, produzir alimento, matriz energética limpa e renovável, eliminar o desmatamento e recuperar as pastagens degradadas são exigênciasda geopolítica global. O Brasil é um ator estratégicopara liderar essa nova realidade, mas para tanto, são cruciais políticas públicas adequadas baseadas em ciência, humanismo e bem-viver com a natureza.

Pedro Abel Vieira e Manoel Moacir Costa Macêdo, são engenheiros agrônomos

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